sábado, 15 de novembro de 2008

A prática do bem

A prática do bem



A prática do bem é pregada por todas as seitas, segmentos religiosos e que, tais práticas nos trarão recompensas futuras, seja nesta vida ou numa possível existência pós-morte. Dizem os pregadores: "D'us está olhando os seus atos. Ele te recompensará." O que podemos notar que as boas ações praticadas pelas pessoas seguidoras de tais religiões apenas o fazem por ser uma obrigação religiosa e outros de forma interesseira ou por causa de medo. Interesseira porque espera recompensas numa melhoria na qualidade de vida, no aspecto material, ou ir para o paraíso. E outros, fazem o bem para fugir do mal, com medo de castigos. Em ambos os casos, não são atitudes sinceras. Não há o prazer da prática das virtudes.

"A recompensa da virtude é a virtude em si mesma." como disse Spinoza. Na mesma linha, Maimônides considera que a fé em D'us deve ser totalmente desinteressada, ou seja, não esperar nenhuma recompensa e, acrescentemos, nenhum castigo por suas ações. O exercício da justiça, da verdade e do amor ao próximo constituem, por si sós, sua recompensa. Mas, infelizmente, muitos não conseguem ver, pela luz da razão, que respeitar o próximo, não cometer crimes contra os semelhantes são fundamentais para a felicidade e a harmonia social. Uriel da Costa, em seu "Exemplo da vida humana" que é uma lei natural e que aquele que não gostam o que façam consigo não vai fazer contra os outros. Mas para os indivíduos que não são capazes de enxergar isso, é aceitável a fé interesseira, ou seja, a fé daquele que crê na recompensa por suas boas ações e no castigo pelas más, única forma de fé acessível ao comum das pessoas. O homem em busca da verdade deveria se esforçar e, no limite de seus recursos, procurar aproximar-se da fé desinteressada.

Para expressar bem o ideal de pensamento, segue duas passagens da personagem Branca, da obra "O Santo Inquérito" de Dias Gomes, após salvar o padre de um afogamento. Ela, posteriormente, seria acusada como herege e morta na fogueira, por acusação de heresia.

"Acho que as boas ações só valem quando não são calculadas. E D'us não deve levar em conta aqueles que praticam o bem só com a intenção de agradar-lhe."

"Não foi querendo agradar a D'us que eu me atirei ao rio pra salvá-lo. Foi porque isso me deixaria satisfeita comigo mesma. Por que era um gesto de amor ao meu semelhante. E é o amor que a gente se encontra com D'us. No amor, no prazer e na alegria de viver."

Autoridades religiosas X autoridade natural

Autoridades religiosas X autoridade natural



Nos ramos do conhecimento humano, as que estão muito afastadas são a religião (teologia) e a ciência (física, química e biologia) e a filosofia.

A distância entre a ciência e a teologia se acentuou nos séculos XVI e XVII com o avanço das descobertas e observações astronômicas e as teorias a partir destas, com Galileu Galilei, Johannes Kepler que perceberam que o sistema geocentrico (Terra no centro do Universo) de Ptolomeu, adotado pela Igreja, não condizia com a verdade. Galileu foi obrigado a abjurar de suas idéias e ficou em prisão domiciliar até sua morte. Em 1600, Giordano Bruno (que foi mais ousado, ao dizer que nem mesmo o Sol era o centro do Universo, e que este era infinito e afirmou que existem outros sóis e estes eram orbitados por planetas habitados) foi queimado vivo pela Inquisição. Como vimos, as evidências não eram levadas em consideração, quem dizia o que era “verdade” e “certo” eram as autoridades eclesiásticas.

Então, qual a diferença entre as autoridades religiosas e a autoridade natural?
Primeiramente, as autoridades religiosas não se valem de demonstrações, e sim da imposição de um conselho. Se voltarmos no 1º século da era comum (era cristã), não existia uma bíblia como a conhecemos hoje. O que havia eram vários textos, de autores, de sábios (rabinos) e avaliavam quais textos seriam “inspirados por D'us”. Muitos textos foram descartados por não apresentarem uma sincronia com a Torah, e não passaram pelo crivo sacerdotal, e ficaram de fora do canone hebraico. Por tanto, quem decidiu quais textos eram inspirações foram as autoridades estabelecidas. O mesmo ocorreu no século III, quando Constantino se converteu ao cristianismo e, consequentemente, o Império Romano, escolheram qual seria seu canone e discartaram todas as outras correntes que divergiam da adotada pelo seu Império.
Na época de Galileu, o que valia a palavra da Igreja, quer dizer do Papa. Os dogmas, de qualquer religião, não são passíveis de discussão. O dogma da concepção virgem de Maria só foi posta no final do século XIX, após o Papa ter a “iluminação” de que isso condizia com a verdade irrevogável.

A ciência (física, química e biologia) não tem como autoridade um homem, um papa ou um conselho, que vai dizer o que é certo ou errado. A autoridade, para a ciência, é a própria Natureza. Como bem escreveu Werner Heisenberg, um dos pais da Mecânica Quântica, em seu livro “Física e Filosofia”: “(...) Há uma característica da ciência que a torna mais apropriada do que qualquer atividade para criar a primeira ligação sólida entre tradições culturais e diferentes. Esse tributo reside no fato de as decisões últimas, acerca do valor de um determinado trabalho científico sobre o que esta correto ou incorreto no trabalho em questão, não dependem de qualquer autoridade humana. Pode, às vezes, ocorrer, que muitos anos se passem até que se conheça a solução de um problema, antes que se possa distinguir entre verdade e erro; mas, em definitivo, as questões dicidir-se-ão e as decisões, a essa respeito, não serão tomadas por um grupo qualquer de cientistas mas sim pela própria Natureza.(...)”

Os líderes religiosos arrogando-se de que foram “escolhidos por D'us”, que Ele lhes falam e decidem , segundo seus interesses, o que é verdade ou não, ao contrário da ciência que, quem decide o que é certo ou errado é a Natureza, ou seja, o próprio D'us.

Na época de Galileu, falava-se de duas modalidades de revelação de D'us: uma estava inscrita na Bíblia e a outra encontrava-se no livro da Natureza. As Santas Escrituras foram escritas pelo homem e, assim, estavam sujeitas a erro, enquanto que a Natureza era a expressão diretas das intenções divinas. E como escreveu Uriel da Costa que “D'us , como autor da Natureza não poderia estar em contradição consigo mesmo”. Por isso que, os adeptos da ciência natural podem argumentar que as experimentações revelam uma verdade inegável; que não se pode admitir que qualquer autoridade humana arrogue-se ao direito de decidir o que realmente ocorre na Natureza e que, a decisão final a respeito cabe a Ela e, nesse sentido, a D'us.

Revendo as orações

Revendo as orações



Em outra oportunidade, falei sobre as orações, a qual obtive muitas refutações com citações bíblicas e de outros textos.

Muita gente acha que, para resolver os problemas de suas vidas, devem ficar orando ou rezando, horas e horas, repetindo várias vezes as mesmas palavras e pedidos. Os sacerdotes católicos aparecem rezando o terço, repetindo 10 vezes os mesmos refrões de manhã, a tarde, a noite, coisas do tipo “Obrigado Jesus”, entre outras. Por que repetir tantas vezes? O terço que repete 100 ave-marias, 10 pai-nossos. Por que tal exautão de repetições? D'us precisa que repita tantas vezes os pedidos para que Ele poça escutar? Esquecem eles, os padres e sacerdotes de todas as denominações cristãs o que Jesus mesmo disse: “Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras. Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que é necessário, antes que vós lhos peçais (Mateus6:5-8)

E os evangélicos, que fazem cultos com shows, espetáculos, cantorias, cada artista expondo suas “devoções”? Pulam, gritam, oram em voz alta, na frente de todos para demonstrarem sua “fé”. Isso é diamentralmente contrário ao que Jesus recomendou: “ Quando orardes, não façais como hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam sua recompensa. Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo...” (Mateus 6).

O filósofo judeu Maimônides preconizava uma oração curta, tal como estava codificada no Talmud, sem as numerosas adições impostas pelo uso, em particular, textos, nem músicas e reprovava as efusões públicas de emoção religiosa.

Se a oração é para D'us, e Ele está em todos os lugares, para que é necessário fazer as orações em templos ou lugares públicos? Se Ele sabe tudo, antes das coisas acontecerem, por que pedir? Se Ele sabe a nossa essência, nosso mais íntimo pensamento (D'us nos conhece melhor que nós a nós mesmos, como falou Agostinho) por que gritar, cantar, berrar em orações? Refletindo sobre essas coisas, podemos tirar grandes conclusões...