sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Dogmas e rituais

Dogmas e rituais.

Dogma é o ponto fundamental e indiscutível de uma doutrina religiosa e, por extensão, de qualquer doutrina ou sistema. Seguir alguma coisa sem questionar é benéfico? E as origens dos dogmas tem alguma base racional?


Antigo Testamento ( Bíblia hebraica )

Os mandamentos expressos na Torah (Pentateuco) para a grande maioria das autoridades religiosas teriam origem divina. Mas trata-se de preceitos estabelecidos por Moisés para exprimir a nova fé nas condições históricas da época, imitando, às vezes (e quase sempre opondo-se) às práticas pagãs de seu tempo.

Para se estabelecer esse princípio, é preciso efetuar um verdadeiro trabalho de etnologia. Foi o que Maimonides fez, tendo entre suas fontes o "Livro dos sabeos", uma obra agrícola nabatéia que contém importantes indicações sobre as práticas pagãs na Antiguidade. Sabe-se, por exemplo que a lei mosaica proíbe o uso de roupas cujo tecido seja uma mistura de linho com lã; ora, entre os nabateus, encontra-se a prescrição inversa, exigindo tal mistura na confecção da indumentária dos sacerdotes. O mesmo se passa com a proibição da mistura do leite com a carne ("não cozinharás o cabrito no leite de sua mãe"). A descoberta de textos de Ugarit (Líbano), cuja população praticava rituais semelhantes aos dos cananeus, mencionados pela Bíblia, permitiu revelar a existência de um rito pagão à deusa-mãe Tanit no qual um cabrito era sacrificado no leite da mãe; o sacrifício efetuava-se na primavera, antes das ceifas, com o objetivo de agradar às divindades femininas desses povos e favorecer a fecundidade da terra. Quanto aos sacrifícios animais praticados no Templo de Jerusalém, tratava-se, segundo Maimonides, de um compromisso de Moisés teve de aceitar sob a pressão da população que pretendia imitar sem restrições as práticas dos outros povos.

Outras práticas e restrições devem ter tido a mesma origem, seguindo a mesma linha de raciocínio de Maimonides, como por exemplo a proibição de fazer fogo no shabat. Não encontrei nenhuma fonte que sustente minha hipótese, mas a origem de tal restrição deve vir da oposição de algum ritual de um dos povos pagãos próximos aos hebreus, que tinham que fazer um fogo ritual para alguma divindade.

A circuncisão, que é feita no oitavo dia de vida, não tem a ver apenas com um sinal da aliança entre D'us e Abraham. Outros povos, além dos hebreus, praticavam a circuncisão. O que muitos pensam ser apenas um ritual religioso, na realidade de uma importância em termos higiênicos. Os hebreus, que viviam numa região desértica, não tinham como se limpar de forma adequada. E as partes mais íntimas ficavam mais compromitidas devidas as dificuldades, evitando-se assim doenças relativas ao órgão genital masculino. Resumindo: era mais uma questão de saúde do que religiosa. E para confirmar isso, pesquisas revelam que o índice de homens com câncer de pênis é ínfimo em circuncisos.

Finalidade dos dogmas

No Guia dos Perplexos, Maimonides diz que "A Lei nos convidou igualmente a crer que cuja crença é necessária para a boa organização do estado social, como, por exemplo, a crença de que D'us se irrita muito contra os que desobedecem e que o objetivo é teme-lo, respeitá-lo e evitar desobedecê-lo." O fim de todos os mandamentos, sejam positivos, sejam negativos, têm por objetivo fazer cessar a violência recíproca fixar bons costumes que conduzem a boa relações sociais ou a inspirar uma idéia verdadeira que é necessária admitir por ela mesma.Na visão de Spinoza, a maioria da população não está preparada para compreender todas as coisas corretas e entendê-las de forma racional. Por isso, diz ele, Moisés ao dar leis ao povo, colocou de forma de que se as pessoas não a fizessem, D'us ficaria irritado, pois muitas pessoas não fazem o bem pelo prazer de fazer o bem, e sim com medo de receber o mal.

Concepção da Virgem Maria

Segundo o relato dos evangelhos, Maria teria recebido a visita do anjo Gabriel, o qual trazia a mensagem de que ela foi escolhida por D'us para ser mãe de seu filho, e que este se chamaria Jesus. Maria teria concebido sem ter um relacionamento carnal com José, e sim pelo dom do Espírito Santo.

Os evangelhos foram escritos muitos anos após a morte de Jesus. E muita coisa foi acrescida, inventada, mitificada depois do falecimento de Jesus. E o relato do nascimento de Cristo não deixou de ser mitificado. E qual a origem da crença que Maria teria concebido o filho do homem sem ter relacionamento com seu marido José?
Primeiramente, a fonte do mito da virgindade de Maria foi a um erro de tradução do livro de Isaías, no qual diz que "Emanuel nasceria de uma jovem", no texto original em hebraico. O vócabulo relativo à "jovem" teve uma tradução errônea quando a bíblia foi traduzida para o grego. A palavra relativa à "jovem" foi traduzida como "virgem". Ser jovem não necessariamente significa ser virgem. Segundo a Igreja Católica, Maria permaneceu virgem após o nascimento de Jesus e que assim permaneceu, até ascender aos céus, segundo uma tradição que surgiu em torno do século VI d.C. A concepção da virgindade foi proclamada pela Igreja romana em 1854 como um de seus dogmas.

Consultando a única fonte para debate, os evangelhos, tem-se a passagem de que "José e Maria levaram seu primogênito e o apresentaram ao templo". Primogênito, eis a palavra chave. Se Jesus foi o primeiro filho do casas, isso não significa que foi o único. E em outras passagens do Novo Testamento é mencionado a existência de irmãos de Jesus.
Os católicos afirmam ser uma grande heresia dizer que Maria teve Jesus de um relacinamento natural com José, como qualquer casal e que é outra heresia dizer que Maria teve outros filhos. O que há de mal nessas coisas? Isso torna Maria menos digna ou menos respeitada? Claro que não! O fato de Maria ter Jesus a partir de um relacionamento natural não tira a tira suas virtudes. E também não muda nada em relação a Jesus; seus ensinamentos são de mesma profundidade e importância.

D'us não precisa abortar as Leis da Naturais se quisesse enviar alguém em seu nome. D'us não criou o Universo com leis próprias, onde as espécies se reproduzem? E ainda disse "crescei e multiplicai-vos"? O grande problema é que dão mais importância à dogmas, muitos deles irracionais e inutéis, e deixa-se de lado o que realmente importa.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Existem terras santas?

Existem terras santas?



Para vários povos, existem terras ditas sagradas, santas, devido a eventos a eventos que ali aconteceram ou por causa de mitos criados na região. Mas será que algo em especial em tais terras? Há algo de diferente em relação a outros lugares do mundo?



As terras santas

Para judeus, cristãos e mulçumanos, o atual estado de Israel e Palestina são berço de suas religiões. Lá está enterrado o patriarca Abraham, onde Jesus nasceu viveu e morreu e onde Maomé morreu. Existem templos e ruínas de grande significado. A mesquita da cúpula de ouro, as ruínas do Segundo Templo de Salomon destruído pelos romanos, a Igreja do Santo Sepulcro, a Via Dolorosa por onde Jesus carregou sua cruz. Há muita história na terra de Eretz Israel (Terra de Israel). E, infelizmente, muito sangue derramado.

Para os católicos, além da Terra Santa, há muitos lugares ditos santos, como Lourdes, na França, Fátima em Portugal, locais onde teriam ocorrido aparições de Maria, mãe de Jesus, sem contar com o próprio Vaticano.

Todo islãmico, pelo menos uma vez na vida, tem que ir até Meca, para orar na Caaba. Medina é outro local muito importante para o Islã.



A Terra está sempre em movimento

O que significa dizer que uma coisa ocorreu num local específico, quando sabemos que a Terra está constantemente em movimento, rodando em torno de seu eixo e seguindo a órbita do Sol? E que nós estamos numa galáxia em movimento, que faz parte de um Universo em expansão. Mesmo que você tivesse uma espaçonave e pudesse voar para qualquer lugar, nunca pode voltar ao local de um acontecimento passado. Não haveria qualquer equivalente do local passado, pois a localização depende de nossa distância em relação a outros corpos, e todos os corpos do Universo teriam, àquela altura, se movimentado consideravelmente.

E além disso, as partículas de terra, areia se movimentam devido aos ventos. Então boa parte da poeira que estava presente na presente na época de Jesus não está mais lá! A vegetação também se renova ao longo dos tempos, ou foram destruídas, outras foram colocadas.



D'us é onipresente

Acho que você concorda que D'us está presente em todos os locais. Pois caso não o estivesse, admitiria-se uma limitação espacial em D'us, que é o Ser infinito e eterno, logo necessário. Ele é o ente de "extensão" infinita.

A presença de D'us em cada lugar é diferente? Ou seja, em certos lugares sua presença é mais forte e em outras menos intensas? Caso for, estamos admitindo uma mutabilidade na essência divina, ponto a ponto no espaço-tempo, o que é totalmente contraditório, pois a essência de D'us é eterna e imutável.

Então não existe um lugar é mais santo que outro, pois D'us está presente em tudo em todos os locais. Ele não está mais presente numa sinagoga, do que numa igreja ou mesquita. Não está mais em Israel do que nos Estados Unidos, no Brasil, Índia ou Tibet. D'us está presente, da mesma forma em todos os países, em todas terras e em todos os seres.



Conclusão

Enquanto estou escrevendo e quando você estiver lendo este breve texto, nações estão se armando para lutar pelo controle de terras que elas consideram santas. Qual é a origem de todo esse sofrimento? A ganância e a esperteza de alguns e a ignorância de muitos. Os gananciosos e os mau intencionados deturpam os verdadeiros ensinamentos da religião, transformando detalhe em fundamento e fundamento em detalhe. Transformando em fundamento "tomar posse de toda uma terra" e tornando em detalhe "ame ao próximo como a si mesmo".

As terras que chamamos de Santas são de grande importância histórica, pelos fatos que lá ocorreram. E pensem: D'us está em TODOS os lugares e NÃO em alguns.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Revendo o livre-arbitrio

Revendo o livre-arbitrio




Eu já havia falado sobre o livre-arbitrio. Agora pretendo colocar de maneira mais clara e objetiva.



Questões teológicas

Os religiosos reforçam a hipótese de que possuímos a livre vontade e que este um dom dado por D'us. Mas há questões bem sutis nisso.

Admitindo que tenhamos livre-arbitrio, isto implica que, a cada momento de nossas vidas fazemos escolhas, e de fato as fazemos, e que para cada escolha que façamos, estaremos traçando futuros diferentes. O nosso futuro está em aberto, de acordo com nossas escolhas.

No campo teológico, temos que falar de D'us. E como Ele é concebido? D'us, como fonte de toda a criação, Ele detém o conhecimento de tudo (onisciente) e em todos os lugares. Nada escapa de seu conhecimento, nem o presente, nem passado, nem futuro. Sabemos que a natureza divina é eterna e imutável. E também que D'us não está sujeito nem ao espaço nem ao tempo então, para Ele, não há passado nem futuro. É um eterno presente! Tudo isso leva, logicamente, que D'us conhece o nosso(s) futuro(s). Se Ele detém esse conhecimento, então, de alguma forma, o futuro está escrito. Se isto ocorre, como podemos escolher nossos destinos se já há Alguém que sabe o nosso futuro?

No Talmud tem uma passagem que diz: “Tudo está escrito, mas a liberdade de ação foi concedida.” (Rabbi Akiva, Mishnah Avot 3:15). Parece um paradoxo. Como pode “tudo estar escrito” e “ a liberdade de ação é concedida” ? Mas tem como explicar sim. É que quando Rabbi Akiva diz “tudo está escrito” quer dizer que todas as possibilidades de futuro já estão escritas e que qualquer escolha que façamos, terá como consequência um dos possíveis futuros criados por D'us. Mas com isso também estamos limitados e não podemos ter um futuro além daqueles que possíveis e “dados” por D'us para realizarmos.

Teologicamente falando, o livre-arbitrio não existe.




Argumentações científicas e lógicas

Livre arbítrio significa liberdade de escolha e ação, sem influência de nenhum agente externo.
Pois bem, a primeira questão é: Temos poder de escolha de onde e quando nascemos? Pelo que me parece, não. Não temos esta escolha. E esse fator é determinante para o desenvolvimento da personalidade de um indivíduo.

O fator genético é fundamental. Características como vigor físico, doenças hereditárias, características de personalidades (forte ou fraca) são coisas que nossos pais nos transmitem, biologicamente falando. Com isso teremos tendências biológicas, impossíveis de se desvincular de nossas vidas. Levaremos até o final de nossas existências.

Além disso, temos os aspectos culturais, onde aprendemos valores morais, crenças, amizades a que temos contato.

Misturando tudo, fatores biológicos e culturais determinam nossos gostos, afinidades, escolhas. Tudo o que escolhemos está moldado, limitado pelo ambiente.




Ausência de livre-arbítrio implica determinismo?

Não ter livre-arbitrio não significa que tudo está determinado, de forma alguma. Nós fazemos escolhas sim, mas escolhas condicionadas. Condicionadas pelo que vivemos e aprendemos. Mas isso não implica que tudo, todos os detalhes estejam pré-determinados. Um determinismo significaria que cada detalhe que acontece no mundo está escrito para acontecer. Mas uma coisa não implica na outra.

Temos controle sobre as coisas que acontecem ao nosso redor?
Não temos controle sobre os eventos naturais, como chuva, tempestades, terremotos. Quantas pessoas não morrem atingidas por relâmpagos? Ou que estão em suas casas, enchentes assolam famílias, cidades inteiras, que fazem as pessoas repensarem e reconstruirem suas vidas, quando as pessoas não a perdem (a vida)? Infelizmente nenhum.

E quem vive nas grandes cidades, onde a violência aterroriza os habitantes? Balas perdidas que matam ou deixam marcas profundas e ficam paralíticas? Como a pessoa procurou isso, se está em sua casa, ou andando numa rua tranquila e acontecem tais fatalidades?




Para concluir:

Não temos controle de onde, quando e como nascemos.Podemos nascer numa família rica, pobre, nascer sadios ou com alguma deformidade. Nem da morte temos controle.

O início e o fim de nossas existências independem de nossas vontades e escolhas. Não importa a "escolha" que fazemos ao longo da vida. Como é dito no livro de Provérbios: "Existem muitos planos no coração do homem, mas é a vontade do S'nhor é que se realiza."

Revisitando os milagres

Revisitando os milagres




Em outro tópico, falei que os milagres não são eventos sobrenaturais e sim eventos naturais com pequena frequência ou são eventos pouco prováveis. E que também não são intervenções divinas para corrigir alguma coisa que não esteja nos devidos lugares.

Agora vou falar de alguns casos que valem para reflexão dos que acreditam em eventos sobrenaturais que provam se uma fé é verdadeira ou salvam vidas.



Corpos de santos incorruptíveis

Os católicos alegam que as “provas” que D'us está em sua Igreja são a existência dos corpos incorruptíveis de santos, ou parte deles, que se consevaram “naturalmente”. Sabe-se que a técnica para conservação de corpos é muito antiga, e já era feita muito antes. Então não há nada de tão extraordinário que exista corpos consevados. E perguntar não ofende: por que apenas os corpos de alguns santos se consevou? A Igreja Católica tem mais 5.000 santos (mais precisamente: 5.120) e menos de 500 deles tem seus corpos consevados (menos de 10%)?
Aparições de Maria

Em muitos locais alegam-se as aparições de Maria, mãe de Jesus. Em Lourdes, Medjugore, Fátima, entre outros. O que podemos perceber em todos os casos da “aparição” de Maria, é que só ocorre a pessoas de fé cristã, nunca para pessoas de outras crenças (judeus, mulçumanos, budistas) ou sem crença. Por que não? Geralmente as “mensagens” enviadas por Maria nessas “aparições” são de que o muito tem muita violência e de que é necessário que se ore para termos melhores dias e que tem que se levar a palavra dela (Maria) a todos os povos. Mas se ela tem essa intenção de convencer da “verdadeira” fé e de salvar o mundo, por que suas aparições não ocorrem numa sinagoga ou mesquita?

As pessoas que têm as visões, geralmente são crianças envolvidas totalmente na crença ou mesmo adultos que vivem imersos nos pensamentos teológicos. Vivendo e pensando todo dia nas crenças, com as estórias que padres contam, a imaginação corre solta, criando fantasias, sonhos nos quais vê-se Maria conversando com elas, fazendo pedidos de oração e fazendo visões do inferno para aqueles que não seguem as mensagens de Maria.

Nos locais da aparições, alegam que ali ocorrem milagres, que pessoas terão suas doenças curadas. Milhares, milhões de pessoas vão à Lourdes, durante décadas, em busca de cura para doenças. O padre responsável pela gruta de Lourdes, a Igreja reconheceu 66 milagres. 66 milagres entre milhões de pessoas que estiveram lá!? Se é um lugar santo, deveriasse ter mais milagres.



Os milagres só acontecem para os ricos?

Quantas vezes você já viu pessoas famosas, principalmente artistas, que após passarem por doenças graves, que necessitavam de cirurgias altamente arriscadas, ao se salvarem, alegam que foi um milagre de Nossa Senhora? Ou de Jesus?

Podemos reparar que, os artistas tem condições de irem aos melhores médicos e cirurgiões, acesso a todos os remédios e tecnologias necessárias para realizarem seus tratamentos. E quando se curam, fazem um enorme alarde de foi a Virgem de Fátima fez o milagre. Fazem agradecimentos emocionados a santa. E quanto aos médicos, que ficaram horas na cirurgia, acompanhando tudo, não merecem agradecimentos? Eles pouco aparecem.

A grande população do mundo, que não tem recursos, que morre aos montes nos hospitais, sem um médico e não tendo condições para irem a centros especializados para se curarem? Por que não ocorre milagres para eles? Só para os ricos, os artistas que acontecem milagre? Pois se de fato isso ocorre, é difícil acreditar que D'us ama mais os pobres do que os ricos.

É fácil se fazer milagres com ajuda de recursos e poder. Gostaria de saber por que os artistas precisam tanto de médicos se são protegidos por D'us ou uma santa, já que alegam apenas à ela suas curas?

Trindade

Trindade


Os cristãos acreditam num D'us trino, ou seja D'us Pai, D'us filho (Jesus) e Espírito Santo. Como disse Tomás de Aquino: “Os três são um e o um é três”. Um D'us triuno. E insistem que não é contraditório em relação a unicidade de D'us. Será que a Trindade tem coerência e condiz com a lógica e os relatos do Novo Testamento?
Nos evangelhos

Em seu livro de Confissões, santo Agostinho questiona: "Como Jesus poderia ser D'us se nossa concepção é que D'us é imutável e Jesus hora andava, hora parava, uma hora ria, outra chorava, levantava o braço e o abaixava. Em outras palavras, ele é mutável, como qualquer ser sujeito ao espaço e ao tempo."

O “Confissões” foi a primeira obra por Agostinho após sua converção ao catolicismo, e alguns questionamentos que ele (Agostinho) ali faz são de alguém que está conhecendo a fé católica. Posteriormente, Agostinho em uma de suas obras, “ A Trindade” já com seu pensamento católico já consolidade, reforça as “evidências” dessa dogma.

Mas qual seria a melhor fonte para se achar as “explicações” para a “santíssima trindade”? Claro, os evangelhos. Apesar dos evangelhos terem sido escritos muito tempo após a morte de Jesus, são as fontes para um debate com os cristãos. Em nenhuma parte dos Evangelhos e nem em outras partes do Novo Testamento é mencionada a palavra “Trindade”.

Vamos analisar as palavras de Jesus, que é a ele que dizem ser D'us. Em muitas partes ele se diz “Filho do homem”. Mas isso não significa se auto-proclamar D'us.

Na proximidade de sua prisão Jesus disse:

“Momentos antes de sua prisão, Jesus em oração a D'us fala:"Aba, suplicava ele, tudo te é possível; afasta de mim este cálice! Contudo, não se faça o que eu quero, senão o que tu queres". (Marcos 14,36=Mat 26,36-46 e Luc 22,39-46).

Ora, se Jesus é D'us como afirmam os cristãos, por que a vontade de Jesus não é a mesma de D'us? “Que se faça a tua vontade e não a minha.” Explicitamente está escrito a diferença entre as vontades de D'us e Jesus.

E quando Jesus estava na cruz, suplicou a D'us. Vejamos:

"Desde a hora sexta até a hora nona, houve trevas por toda a terra. E à hora nona Jesus bradou em alta voz: 'Eli, Eli, lamma sabactani?' que quer dizer 'Meu D'us, meu D'us, porque me abandonaste? (Marcos 15,33-34).

“Me abandonaste?” perguntou Jesus à D'us. Como D'us poderia abandonar a si mesmo? Podemos ver que, pelas próprias palavras de Jesus que ele não é distinto de D'us. Para rebater esses argumentos, os cristãos vão citar a passagem em que Cristo afirma: “O Pai está em mim e eu estou no Pai”, como se eles fossem um só. Mas isso não vale só para ele, Cristo. O Pai (D'us) está em todos os lugares, inclusive em nós! Ele (D'us) é onipresente. E nós estamos n'Ele. “D'us é a morada do Universo”. O que Jesus falou vale para todos os seres. Todos estão em D'us e D'us está em todos.
Para refletir:

Admitindo que D'us tenha encarnado na pessoa de Cristo, como o Ser infinito, que sustenta todo o Universo, se rebaixa a forma humana para nos salvar? Salvar do que, já que D'us criou tudo e nada pode existir contra a sua vontade? Então D'us criou coisas más para o homem e isto seria contraditório pois os cristãos afirmam que “D'us é bom e misericordioso”? Salvar o homem das coisas criadas pelo próprio D'us. Que contradição!

E durante a vida de Jesus, como ficou o restante do Universo? D'us abandonou todo o Universo, com bilhões, trilhões de estrelas, sóis, galáxias para resolver os “problemas existênciais” dos homens, que são como poeira diante da infinitude do Universo? D'us está mais aqui na Terra do que em outros lugares da Natureza, estamos admitindo que D'us é diferente em determinados locais, o que implica que D'us está sujeito ao espaço e ao tempo, o que implica mutabilidade. Quem muda é porque deseja algo melhor do que é. E D'us pode buscar ser algo melhor ou aquilo que não tem?



Nós vivemos no presente?

Nós vivemos no presente?



O que é o tempo? O que é o presente, o agora? O que percebemos a nossa volta corresponde ao mesmo tempo que elas acontecem?



Tempo segundo a Física

Na física newtoniana, o tempo é um ente absoluto, que transcorre na mesma “velocidade” para qualquer referencial, ou seja, para qualquer movimento que tenhamos, perceberemos o tempo passar da mesma maneira.

Einstein com a teoria da relatividade mudou radicalmente isso, no início do século XX. Primeiramente, Einstein diz que a velocidade da luz no vácuo (aproximadamente 300.000 Km/s) é constante para qualquer referencial, ou seja, mesmo que você se mova a uma velocidade de 200.000 Km/s em relação a uma fonte luminosa, você verá a luz com velocidade de 300.000 Km/s. E ainda mais, que esta velocidade é a maior possível, nada pode se mover com valor acima. E que implicações tem esses postulados? São a de que o tempo e o espaço não são absolutos, isto é, que para cada referencial em movimento, percebe-se o tempo e espaço diferentemente. Quanto mais nos movimentos próximos a velocidade da luz, mais o tempo passar mais devagar. E isso não é uma percepção psicológica. Isso de fato ocorre. E por que não conseguimos perceber no nosso quotidiano? Pelo fato de as velocidades com que nos deslocamentos no dia-a-dia estão muito abaixo da velocidade da luz. Mesmo num avião supersônico que se mova a 1.200 m/s , está muito abaixo de 300.000 Km/s. Em nossas simples vidas, o tempo descrito por Newton é bem satisfatória.

Resumindo:
a maior velocidade que é possível se mover é cerca de 300.000 Km/s;
a velocidade da luz é a mesma em qualquer referencial;
o tempo passa de maneira diferente para referenciais diferentes;



Tempo psicológico

A maneira de como sentimentos o tempo passar no quotidiano depende muito do nosso estado emocional, psiquico. De fato, quando estamos fazendo coisas que nos agradam, que nos dão prazer, o tempo parece voar, horas parecem minutos... e, ao contrário, quando estamos em situações de aflição, perigo, minutos parecem horas, o tempo parece não andar...



O “agora”

Você consegue pensar no momento do agora? Santo Agostinho em seu livro de Confissões, perguntou “Quando pensamos no agora como palavra, ao falarmos a segunda sílaba, o “a” já é passado e quando fala o “ra” o “ago” já é passado... o tempo transcorre, flui...” Como você deve ter percebido, o tempo não pára, flui constantemente, e não conseguimos pensar num momento de tempo singular, o tempo parece indivisível. Medimos o tempo em segundo que é uma parte do minuto, que é uma parte da hora, que é parte do dia, que é parte de mês, que é parte de ano... Os “agoras” vão se acumulando, até se tornarem tempos longíquos, até a eternidade.



A grandiosidade do Universo

O Universo é imenso, para não dizer infinito. Milhares, milhões de galáxias, e nestas há milhões de estrelas. O Sol, que é nossa estrela, está a 144.000.000 Km da gente, aproximadamente. Nessa distância, a luz proveniente do Sol leva quase 8 minutos para chegar a Terra. Então, caso o Sol se apague agora, só iremos perceber daqui a 8 minutos! Uma estrela que está a 4 anos-luz de nós, caso exploda nesse momento, só iremos ver a explosão daqui a quatro anos!
Desses exemplos que mencionei, o que podemos concluir? É de que, quando olhamos para o céu, estamos olhando para o passado do Universo. Não vemos o seu presente.



Nós vemos o presente ao nosso redor?

Ampliando o exemplo do Universo, tudo o que vemos ao nosso redor não é o presente. Quando você olha para um carro, a luz que reflete em sua superfície e chega aos nossos olhos levam um lapso de tempo, e quando chega aos nossos olhos, uma informação vai ao cérebro. Tudo isso leva um tempo, curto, mas é um tempo. Nada é instantâneo. Toda informação se desloca, no máximo, a velocidade da luz. A relatividade nos mostra isso.

Tudo o que vemos, ouvimos não aconteceram no mesmo momento em que elas aconteceram. O que pensamos que é o “presente”, o “agora” é o passado de onde os eventos ocorreram e que será o “futuro” onde as informações ainda não chegaram. Presente, passado e futuro são ilusões, que dependem do referenciais. Mas são ilusões persistentes.



Nunca vivemos no agora

De uma forma geral, nunca pensamos no agora. Estamos sempre olhando para o passado ou tentando vislumbrar, prever o futuro e deixamos de viver esse momento singular que é o presente, que é impossível de pará-lo. O presente que agora escrevi já é passado! O tempo não pára!

A origem dos nomes dos dias

A origem dos nomes dos dias da semana



Quem nunca se perguntou por que os dias são chamados “segunda-feira”, “terça-feira”, ... ? Para explicar, temos que voltar a época do Império Romano, antes da conversão de Constantino (280-337) ao cristianismo.

Como é sabido, o Império Romano tinha várias divindades, mas de 30.000. Os principais deuses ligados aos astros tiveram dias em suas honras. Vejamos:

Solis dies (dia do Sol)
Lunae dies (dia da Lua)
Martis dies (dia de Mate)
Mercurii dies (dia de Mercúrio)
Jovis dies (dia de Júpiter)
Veneris dies (dia de Vênus)
Saturni dies (dia de Saturno)

Com a conversão do imperador Constantino ao cristianismo, e sendo a Páscoa vindo do Pessach (Páscoa judaica) no início manteve uma semana de feriado pascal. E, a cada dia da semana, foi dado feriae (feriado), ficando assim chamados:

Solis dies => Feria prima (primeiro feriado) => Dies Dominicas
Lunae dies => Feria secunda (segundo feriado)
Martis dies => Feria tertia (terceiro feriado)
Mercurii dies => Feria quarta (quarto feriado)
Jovis dies => Feria quinta (quinto feriado)
Veneris dies => Feria sexta (sexto feriado)
Saturni dies => Sabbatum

O primeiro dia passou a se chamar Dies Dominicas (dia do Senhor) porque teria sido nesse dia que Jesus teria ressuscitado. E o sétimo dia manteve do Antigo Testamento, Sabbatum que vem de Shabbat, do hebraico que significa parar, cessar.

Com a queda do Império, os povos bárbaros invadindo certos locais tomaram posse de alguns costumes e identificaram suas divindades com as da mitologia greco-romana. Apenas na região que é Portugal que mantiveram a nomenclatura de “Domingo, segunda-feira, terça-feira,...” Nas outras regiões, voltaram a adotar o nome das divindades, alguns com modificações.
Português Espanhol Saxão Inglês
Domingo Domingo Sun's day Sunday
Segunda-feira Lunes Moon's day Monday
Terça-feira Martes Tiw's day Tuesday
Quarta-feira Miércules Woden's day Wednesday
Quinta-feira Jueves Thor's day Thursday
Sexta-feira Viernes Friga's day Friday
Sábado Sabado Saterne's day Saturday


Fonte: Revista Galileu – Junho de 2002 – nº 131

É justo condenar Judas Iscariotes?

É justo condenar Judas Iscariotes?



Quando fala-se em traidor, vem a mente de muitos o nome de Judas Iscariotes, que era um dos apóstolos de Jesus e que o teria traído. E até os dias de hoje, no sábado de aleluia, fazem bonecos de Judas e o malham. Até que ponto é condenar alguém durante dois mil anos pela tal traição?
Jesus escolheu, um por um, seus apóstolos, aqueles a quem passaria seus ensinamentos e que espalhariam “as boas novas”. Judas Iscariotes era um deles, e era responsável pelas economias da comunidade de seguidores de Cristo.

Na última ceia, Jesus junto a seus discípulos, disse que um deles iria traí-lo. Falou Jesus a Judas que fizesse o que tinha que ser feito. Posteriormente, Judas, em troca de algumas moedas, entregou seu mestre às autoridades. Judas, após ver que Cristo nada fez em sua própria defesa, se arrependeu do que tinha feito e se enforcou. Judas ficou marcado na história como a representação do Traidor. E, segundo a tradição católica, Judas está queimando no fogo eterno do Inferno. Na visão dos cristãos, a condenação de Iscariotes ao inferno foi mais do que justa, pois ele foi responsável pela morte do deus encarnado.

Para um leitor mais atento e menos dogmático, vai notar que as peças dessa história não se encaixam para tal condenação de Judas. Vamos analisar segundo o significado atribuído a morte de Cristo na cruz na visão da Igreja.

A tradição católica afirma que Jesus deu seu sangue para salvar a humanidade de seus pecados, segundo o “mistério da vontade divina”. Tudo que Jesus iria passar, desde a sua traição até a sua ressurreição eram de seu conhecimento. Jesus escolheu cada um, com uma determinada finalidade: Judas iria traí-lo, Pedro o negou. Estava ciente de tudo.

Por tanto, se tudo isso fazia parte do “plano divino” da salvação, estava inclusa a traição de Judas! Se D'us “planejou” tudo, como condenar alguém que só seguiu suas ordens? D'us condenaria alguém ao fogo do Inferno pelo fato de ser umas das peças importantes da realização para salvação da humanidade?

O evangelho de Judas, um evangelho apócrifo datado dos anos 300, e que teria uma versão mais antiga, escrito em língua copta, fala que Judas era uma peça importante do plano de Jesus. As autoridades católicas reagiram de forma violenta quanto a versão desse evangelho.

Os cristãos caem em manifestas contradições! Querem condenar alguém que só fez o que D'us “mandou”. Isso só mostra como os dogmas, preconceitos cristãos são muito frágeis. A teologia mostra-se muito fraca frente a argumentos lógicos.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Existe algo em vão na Natureza?

Existe algo em vão na Natureza?
Ouço pessoas que dizem que há coisas inúteis na natureza, e citam as baratas, vírus, entre outras coisas. Será que existem coisas frívolas no conjunto do universo?
Ser humano

Os seres humanos podem agir de forma vã, ou frívola, ou seja, por simplesmente agir. E agem em função de uma finalidade, por um fim útil, ou de uma necessidade.
Natureza e D'us

Os acontecimentos da natureza não vem de uma necessidade ou em vão. Esses tipos de qualificações não cabem a Natureza. O universo não age como um ser humano e sim devido a leis intrínsecas a ela. As leis da Natureza, que são o pensamento de D'us, governam o nosso universo. E como vimos em outras oportunidades, em D'us não pode sobrevir nenhuma necessidade, pois se o ocorresse, significaria que D'us necessitasse de algo que não, o que é uma contradição pelo forma que O concebemos. E Ele não atua de forma frívola, pois tudo o que Ele “faz” não é pensando em uma recompensa ou então simplesmente por fazer, mas sim segundo sua própria essência, que é coincidente com Sua vontade.
O mundo não foi feito para o homem.
Muitas pessoas ainda pensam que D'us criou o mundo para o homem, para que este o dominasse. E apoiam seus pensamentos na Bíblia, onde há passagens que parecem dizer que tudo o que foi criado foi em vista para servir o homem. Por exemplo: Em Gênesis é dito que se faça 2 grandes luzeiros, para contar os tempos.
Basta olharmos para o Universo. Ele é imenso, para não dizer infinito. Com milhões de galáxias, e nestas milhões de estrelas. Estrelas com 10, 100, 1000 vezes o tamanho do nosso Sol. O Sol que é 1 bilhão de vezes o tamanho da Terra. E nós que somos como formigas em relação à Terra. É um absurdo pensarmos que estamos no centro da criação do Universo e que tudo foi feito para gente.
O relato do livro de Gênesis sobre a criação do mundo não é um livro de ciência natural, e não deve ser interpretado ao pé-da-letra e, tal tipo de interpretação corrompe o pensamento, que acaba se cegando diante da verdadeira grandiosidade do Universo e de D'us, levando a irreligião.
Não existe nada em vão na Natureza.
Pelo que já falei, podemos responder que na Natureza não há nada em vão.
O que leva os homens a acreditarem que tem coisas inúteis no mundo é a sua visão mesquinha de que tudo foi feito para eles. E a fonte desse pensamento vem de que D'us pensa e age como nós. Isso é um absurdo. Os pensamentos de D'us não são como os nossos, como já falei muitas vezes. Os pensamentos, em D'us, são idênticos a sua essência e a sua vontade, que são eternos e imutáveis, que não estão sujeitos ao tempo, que não pode ser afetado por nada e nem por ninguém. Nenhum tipo de mudança pode Lhe ocorrer. Nenhuma! Ele não se enfurece nem se alegra, ao contrário do homem que é mutável, onde hora está feliz, hora esta triste, hora zangado.
A fonte de todos os erros mencionados é atribuir a D'us antropomorfismos. Quanto mais antropomorfismos atribuimos a D'us, mais distantes estamos de conhecer sua verdadeira essência. Do fato que D'us não fazer nada em vão, isto significa que nada na Natureza é superfluo, pois a Natureza é a expressão da vontade (pensamento) divino.