Satã
Tudo que é emanado diretamente da vontade do Criador é o bem e D'us jamais é o autor direto do mal. Só acidentalmente e indiretamente o mal pode ser atribuído a ação divina. A matéria em si criada por D'us não é absolutamente um mal, mas a fonte do mal é a privação que é inerente e que é causa da corrupção.
No livro de Job, temos que entender por filhos de D'us, o bem que D'us tido diretamente em vista na criação. Satã , pelo contrário representa a privação , fonte acidental do mal.
Maimônides explica que, Satã, que representa a privação, pode ser considerado, por um certo ponto, como uma finalidade direta da criação, posto que o nascimento e a corrupção , que o criador teria por finalidade no mundo sublunar, só têm lugar a consequência da privação, que é inerente à matéria e que, por conseguinte, desempenha um papel importante nas coisas aqui de baixo do mundo sublunar. Satã, ou a privação que depende o mal, tem pois, em certo modo, o direito de apresentar-se diante do Eterno.Os seres superiores, únicos representantes do bem absoluto, são estáveis e duradouros, e não estão submetidos ao nascimento e nem a corrupção. Mas Satã também ocupa uma posição no mundo sublunar, já que Satã só tem relação com o mundo sublunar. No relato do livro de Job, diz que Satã errava sobre a terra, e que as coisas da terra sob seu poder, mas que estava vedado a ele apoderar-se da alma (nefesh).
Satã vem da vocábulo satán, que significa apartar, separar. Indubitavelmente, Satã significa o que aparta dos caminhos da verdade e faz que alguém se perca nos caminhos do erro.Bem, a má inclinação é Satã, a qual indubitavelmente é um anjo, pois se fala no número de filhos de D'us; a boa inclinação em realidade também é um anjo. Assim, pois, cada pessoa está acompanhada de dois anjos, um a sua direita e outro a sua esquerda, que tratam da boa e má inclinações, respectivamente. A boa inclinação e a má inclinação derivam da faculdade da alma.
Quando digo acima que Satã só tem relação com o mundo sublunar, a nomenclatura a usada na época de Maimônides, pois a idéia vigente sobre mundo era o modelo geocêntrico, onde a terra era o centro do Universo e que o mundo sublunar era o mundo terrestre.
Mal
D'us jamais é o autor direto do mal. Só acidentalmente ou incidentalmente o mal pode ser atribuído a ação divina, enquanto produzida a matéria, que está associada a privação e que, por isso, se transforma na causa da corrupção e do mal. Enquanto D'us produz a matéria com a natureza que lhe é própria, ou seja de estar sempre associada a privação. Toda destruição, corrupção ou imperfeição só existem por causa da matéria. Os males só são males em relação a certa coisa. O mal não tem existência real.
Atribuir a ação divina às privações, tais como mudez, surdez e cegueira só como expressão figurada que significa que D'us, por uma ação indireta, faz cessar as capacidades de falar, de ouvir e de ver.
No homem, por exemplo, a morte é um mal. Também sua enfermidade, sua pobreza, sua ignorância são males em relação a ele, o homem.
Em Bereshit I, 31 está escrito: "E D'us viu tudo o que tinha feito, e era bom." Rabbi Meir diz: "E a morte é um bem." (Bereshit Rabba, seção IX, fol. 7, col 3). Rabbi Meir provavelmente ao querer vincular esta passagem uma reflexão moral sobre a morte, que conduz a vida futura.
Muitos homens acham que o mal é mais frequente no mundo do que o bem. A causa deste erro , diz Maimônides, é que estes homens consideram o universo senão apenas ao indivíduo humano. Homens assim pensam que o Universo só existe para sua pessoa, como se não existissem outros seres nele. Se ocorre algo fora dos seus desejos, julgam que isso é um mal. Mas se o ser humano olhar ao seu redor e ver toda a grandiosidade do Universo e ver que ele, o homem, é tão pequeno o lugar que ocupa nele, a verdade se tornará clara, evidente. O homem não deve se enganar e crer que o Universo só existe para sua pessoa.
Inferno
Inferno é a palavra que vem do latim e significa inferior. Dependendo da tradução, no lugar de inferno, usa-se "mansão dos mortos" ou "Sheol".O conceito de inferno que foi se sedimentandoé bem diferente do conceito de Sheol que é mencionado no Tanack.O conceito de inferno utilizado para manter um certo controle a população, pois já que para manter a ordem social. Na visão de Spinoza, a maioria da população não está preparada para compreender todas as coisas corretas e entendê-las de forma racional, poismuitas pessoas não fazem o Bem pelo prazer de fazer o Bem, e sim com medo de receber o mal. E com o medo de irem para o inferno...Como dizia Maimônides: "Alguns dogmas são importantes para manter a ordem social."O conceito de um inferno em que as pessoas são enviadas após a morte por terem cometido algumas faltas durante a vida ou não seguiram alguns dogmas é ter uma visão muito pequena do D'us que criou o Universo.
Vejamos o seguinte: O que é o nosso tempo de vida comparado com a eternidade? Nada! Então por que temos um tempo finito para nossas realizações e caso elas não estejam de acordo com certas crenças teriamos uma punição eterna? Se sabemos que D'us é misericordioso, como ele poderia dar uma punição eterna? No evangelho tem uma passagem que diz: "Pedro pergunta a Yeshua: Rabbi, quantas vezes devemos perdoar?' Yeshua responde:' 70 vezes 7' ou seja, sempre. E sendo APENAS D'us Eterno, quando se diz que uma alma é punida com o fogo eterno, então não se estaria admitindo também a eternidade do mal? Mas como pode ser o mal eterno se D'us é todo o Bem?
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