Sistema de cotas: justiça social ou discriminação?
Algumas universidades públicas do Brasil adotam o sistema de cotas para estudantes negros e oriundos da rede pública de ensino médio, sob a alegação de grupos de afro-descescendentes que desejam uma justiça, igualdade racial. Mas será que tais medidas, como a criação desse sistema de cotas, resolverá os problemas de desigualdade social e racial?
Ao longo de nossa história, é sabido o quanto os negros sofreram. Foram escravizados em suas terras, vendidos como mercadorias, animais, submetidos a trabalhos forçados, e castigados com açoites que, na maioria das vezes, os levavam a morte prematuramente. A abolição da escravatura em 13 de maio de 1888 assinada pela princesa Isabel não significou, em sentido amplo, a vitória para os negros: eles foram soltos, mas passaram a viver nas margens da sociedade. Não foram aproveitados como trabalhadores remunerados. Não tinham acesso à educação.
De lá para os dias atuais já se passaram mais de 100 anos e muitas das injustiças foram reparadas., como ter acesso à educação e ao voto. Mas ainda há muito a ser feito. Os negros ainda têm, em média, os menores salários, menos acesso aos cargos com escolaridade igual ao dos ocupados pelos brancos. A maior desigualdade não é na questão racial, e sim na distribuição da renda. E como corrigir essas diferenças? A proposta mais difundida é a criação do sistema de cotas nas universidades federais e estaduais, destinando à alunos de ensino médio vindos da rede pública e dos que se declaram negros. Essa proposta, a primeira vista, poderia ser muita boa. Mas sendo analisada com mais cuidado, pode originar outros problemas e veremos que não se solucionará os problemas aos quais eram pretendidos.
Vai criar mais discriminação, pois os alunos que se beneficiariam com o sistema de cotas e serão vistos pelos outros alunos, aprovados pelo sistema tradicional, de forma diferenciada.
O sistema de cotas é uma forma de disfarçar os problemas, as ineficácias das escolas públicas estaduais e municipais, que faltam professores de matérias como matemática, física e português; e quando tem, não dispõem de recursos para fazer um bom trabalho. Do que adianta colocar os estudantes que não tiveram um ensino básico e médio eficazes nas faculdades, já que, devido a falta de preparo, abandonarão os cursos logo depois de terem se matriculado.
Antes de querer o acesso a uma universidade de qualidade, os governantes devem garantir um ensino básico de qualidade. E não só neste, mas em todos os níveis, sem pular etapas. Um indivíduo só é capaz de ingressar, cursar e concluir uma faculdade se tiver uma ótima base. Uma idéia errônea que pode surgir no meio da aplicação das cotas é a de que o negro teria uma capacidade intelectual menor do que a dos brancos. Por mais esse motivo, sou contra esse sistema discriminatório.
Muitos políticos, de forma demagógica, querem nos vender soluções rápidas para problemas que estão entranhados em nossa sociedade, ao longo de séculos. Só se resolverão nossos problemas com melhoria no ensino e que, só surtirão efeitos claros e concisos, em algumas décadas.