Como falamos anteriormente, Newton dedicou muitos anos de sua vida no estudo das profecias nos livros de Daniel (Antigo Testamento) e do Apocalipse de João (Novo Testamento).
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
O lado religioso de Isaac Newton.
Como falamos anteriormente, Newton dedicou muitos anos de sua vida no estudo das profecias nos livros de Daniel (Antigo Testamento) e do Apocalipse de João (Novo Testamento).
A ciência chegará a uma teoria final do Universo?
Alguns cientistas, como Steven Weinberg que foi ganhador do Prêmio Nobel de Física em 1979, acreditam que um dia a ciência chegará a uma teoria final do Universo.Com o passar do tempo nossa ciência tem evoluido e aperfeiçoado as teorias anteriores.
A física de Newton não está errada, ela é apenas válida para um limite e certas situações. Para altas velocidades, ela deixa de ser válida e passa a ser válida a Relatividade de Einstein. Para o tamanho dos átomos, já passa a valer a Mecânica Quântica, onde deixamos de usar conceitos de posição e velocidade e passamos a utilizar a probabilidade.
Como diz Stephen Hawking em seu best-seller 'Uma breve história do tempo':"Entretanto, se descobrirmos de fato uma teoria completa, ela deverá, ao longo do tempo, ser compreendida, grosso modo, por todos e não apenas por alguns poucos cientistas. Então devemos todos, filósofos, cientistas, e mesmo leigos, ser capazes de fazer parte das discussões sobre a questão de porque nós e o universo existimos. Se encontrarmos a resposta para isto teremos o triunfo definitivo da razão humana, porque, então teremos atingido o conhecimento da mente de D'us."
Louis Pasteur: "A ciência avança através de respostas provisórias, conjeturais, em direção a uma série cada vez mais sutil de perguntas que penetram cada vez mais fundo na essência dos fenômenos naturais."
Não acredito que chegaremos a uma teoria final do universo. Isso deve ao seguinte idéia: Qualquer máquina finita (tamanho finito), digamos um carro. Fazendo vários testes, utilizando tudo o que o carro pode nos oferecer, abrindo o motor e o desmontando, podemos chegar a um conhecimento de tudo o que o constitui e o que ele pode fazer, chegaremos a um conhecimento por completo dele. O carro, para ser construído, leva um tempo muito pequeno comparado para o tempo de vida média de um ser humano.
Agora vejamos o Universo: o Big Bang ocorreu a cerca de 15 bilhões de anos. O nosso planeta tem cerca de 4 bilhões de anos. A vida na Terra cerca de 3,8 bilhões de anos. As culturas mais antigas que temos conhecimento cerca de 7 mil anos. Sendo o Universo sendo uma 'grande Máquina', com 'apenas' 15 bilhões de anos, como poderiamos tentar reproduzir ou descobrir todos os eventos ocorridos ao longo desse tempo? Claro que podemos enxergar o passado do Universo, pois quando olhamos para o céu, na verdade, não estamos olhando para o seu presente, e sim o seu passado. Mas estamos olhando um passado muito superficial, não in loco dos eventos ocorridos. Temos uma visão a posteriori do Universo.E ainda o fator que pode complicar mais: o Universo começou mesmo no Big Bang? Pois na ciência, apenas temos hipóteses do que poderia ter ocorrido "antes" da Grande Explosão.
Criação do Universo: Ciência e Religião.
Pela descrição bíblica em Genesis (Bereshit), no inicio só existia D'us. Então o Universo foi criado do Nada (Ex nihilo). No comentário de Moysés Nachmânides (séc XIII) relativo a esta passagem ele diz: "No inicio, o Universo era do tamanho de uma semente de mostarda que, aos poucos, foi crescendo." Moysés Maimônides (séc. XII) e Santo Agostinho (séc. V) afirmaram que o tempo não existia "antes" da Criação. Então não faz muito sentido em falar "antes". Maimônides também fala da não existência do espaço "antes" da Criação.Se olharmos a teoria do Big Bang, na qual, através das equações de Einstein e de observações astronômicas, o Universo está se expandindo, o que quer dizer que à um tempo bem remoto (cerca de quinze bilhões de anos) o Universo estava concentrado e um ponto (singularidade, em termos matemáticos). E também a não existência de um espaço-tempo antes desta singularidade.
Big Bang
O Big Bang foi o evento que originou o nosso Universo à cerca de 15 bilhões de anos. Naquele momento, toda a matéria-energia do Universo estava concentrada num ponto de densidade infinita, o qual é chamado de singularidade. As evidências para que todo o Universo estava concentrado em uma singularidade, foram:
1) Einstein ao resolver as equações da relatividade, sobre o espaço-tempo, encontrou como solução um universo em expansão (Einstein achou que estava errado, pois ele acreditava num universo estático)
2) Edwin Huble verificou que as galáxias estavam se afastando e que a velocidade de afastamento entre elas é proporcional a distância que umas estão das outras.
3) Arno Penzias e Robert Wilson ao fazerem limpeza numa antena, viram que ocorria persistente, mesmo depois do trabalho. Constataram que eram ruídas oriundas do espaço, dos primórdios do Universo.Um Universo concentrado num ponto já é bem razoável pelas observações e teorias que temos.
Mas muitos cientistas questionam se o universo surgiu no Big Bang, ou seja, se já não exista algo antes da 'Criação'. Muitos cientistas dizem que o universo surgiu no big bang, outros que antes da grande explosão, existiu um universo que colapsou-se num minúsculo ponto e deste surgiu o nosso mundo. Nenhuma das duas opiniões está provada. Acreditar em uma em outra ainda é uma questão de fé.
Relato Bíblico
Sobre a versão bíblica, temos que ter em mente que o relato não pode ser interpretado "ao pé da letra", pois o relato de Gênesis foi escrito na linguagem do homem, do homum médio. Nele estão sintetizados os conhecimentos que se tinha na época, com a observação da natureza, de que o Universo teve um início, e que cada coisa foi criada ao seu tempo, observando a ordem do surgimento de cada elemento da Natureza, mas relatada de forma sucinta. Inclusive a evolução, que os criacionistas atacam tanto, esta mencionada no Gênesis.O filósofo judeu Maimônides condena a interpretação literal do Gênesis, pois o relato da criação está escrito em parábolas e que, uma interpretação "ao pé da letra" acaba levando a irreligião. Como ele mesmo disse: "Se desejas conhecer a relação entre o Universo e a governança de Deus, deve-se estudar a física e a astronomia."
Quando Maimônides fala que D'us criou o Universo do 'Nada' parece ser muito estranho. De fato, dá a impressão de que D'us criando o Universo do 'Nada', dá a impressão de que 'antes' da criação existia algo além de D'us, que seria esse 'Nada', algo distinto de D'us. D'us sempre existiu e sempre existirá, pois Ele é a base de tudo que existe.
Pela Kabalah há uma explicação. D'us sempre existiu e preenchia toda a eternidade, que é chamado de 'Ein Sof'. Num determinado momento D'us 'contraiu-se' e que num processo criou uma região esférica que foi se expandindo, num processo chamado tizimtzum. Uma passagem do Zohar diz: "Na cabeça da autoridade do Rei, Ele talhou da luminescência divina,uma Lâmpada de Trevas. E alí emergiu do Oculto dos Ocultos, o Mistério do Infinito, uma linha sem forma, embutida em um anel...medida por uma linha..."
Baruch Spinoza identificava D'us a Natureza. Spinoza não aceitava a idéia da criação ex-nihilo (do nada), pois se admitisse isso, estaria-se aceitando a eternidade de outra substância, além de D'us, que seria esse 'Nada'. Com D'us identificado com a Natureza e as Leis que a regem, está se aceitando a eternidade das Leis da Natureza, que seria o próprio D'us .Para falarmos dessa época do Universo, no seu 'Princípio' e do que poderia ter acontecido 'antes', faltam palavras para expressar esses acontecimentos. Pois ao tentar falar sobre, caímos em contradições. Como disse um sábio chinês, Lao Tsé: "Quem sabe não fala, quem fala não sabe."
A idade do Universo
De acordo com as observações astronômicas e pelas equações da relatividade, o valor aproximado para a idade do Universo é de, aproximadamente, 15 bilhões de anos.Esse valor parece estar bem distante do que relata a Bíblia. Pela Bíblia, a priori, podemos chegar a conclusão de que o Universo tem 5768 anos.O valor 5768 é o tempo em que Adam foi criado. É o que diz a tradição judaica. Mas aí vem a pergunta: 'E os seis primeiros dias?', desde o ato da criação até Adam, já que Adam foi criado no sexto dia. Primeiramente, quando falamos nesses seis 'dias', estamos falando em 'dias' no referencial humano? Pela tradição não. Pela passagem dos Salmos "1000 anos nossos é apenas 1 dia pare o S'nhor". Então podemos concluir que "Um Ano Divino" são 365.250 anos nossos.No Sefer ha-Temunah, um antigo trabalho cabalístico atribuído ao Rabino Nehunya ben ha-Kanah, do primeiro século da era comum. Esse trabalho discute a forma das letras hebráicas e é uma fonte freqüentemente utilizada em assuntos da literatura da halakha (área tradicional da cultura judaica que estuda os costumes a aplicação das leis da Bíblia). O Sefer ha-Temunah menciona os Ciclos Sabáticos (shemitot). Esta noção está baseada no ensinamento segundo o qual "o mundo existirá por 6000 anos, e no ano 7000, ele será destruído". Sefer ha-Temunah afirma que esse ciclo de 7000 anos é apenas um ciclo sabático. Entretanto, como existem sete ciclos sabáticos no jubileu, o mundo está destinado a existir por 49000 anos.Então quando Adam foi criado, o Universo tinha 42.000 anos divinos.Fazendo-se uma conta simples: 42.000 X 365.250 = 15.340.500.000 anos!Um valor muito significativo. Esse valor foi encontrado pelo Rabbi Isaac de Akko (1250-1350) no manuscrito Ozar ha-Hayyim.Detalhe: observaram a época em que ele viveu?
Satã, Mal e o Inferno
Satã
Tudo que é emanado diretamente da vontade do Criador é o bem e D'us jamais é o autor direto do mal. Só acidentalmente e indiretamente o mal pode ser atribuído a ação divina. A matéria em si criada por D'us não é absolutamente um mal, mas a fonte do mal é a privação que é inerente e que é causa da corrupção.
No livro de Job, temos que entender por filhos de D'us, o bem que D'us tido diretamente em vista na criação. Satã , pelo contrário representa a privação , fonte acidental do mal.
Maimônides explica que, Satã, que representa a privação, pode ser considerado, por um certo ponto, como uma finalidade direta da criação, posto que o nascimento e a corrupção , que o criador teria por finalidade no mundo sublunar, só têm lugar a consequência da privação, que é inerente à matéria e que, por conseguinte, desempenha um papel importante nas coisas aqui de baixo do mundo sublunar. Satã, ou a privação que depende o mal, tem pois, em certo modo, o direito de apresentar-se diante do Eterno.Os seres superiores, únicos representantes do bem absoluto, são estáveis e duradouros, e não estão submetidos ao nascimento e nem a corrupção. Mas Satã também ocupa uma posição no mundo sublunar, já que Satã só tem relação com o mundo sublunar. No relato do livro de Job, diz que Satã errava sobre a terra, e que as coisas da terra sob seu poder, mas que estava vedado a ele apoderar-se da alma (nefesh).
Satã vem da vocábulo satán, que significa apartar, separar. Indubitavelmente, Satã significa o que aparta dos caminhos da verdade e faz que alguém se perca nos caminhos do erro.Bem, a má inclinação é Satã, a qual indubitavelmente é um anjo, pois se fala no número de filhos de D'us; a boa inclinação em realidade também é um anjo. Assim, pois, cada pessoa está acompanhada de dois anjos, um a sua direita e outro a sua esquerda, que tratam da boa e má inclinações, respectivamente. A boa inclinação e a má inclinação derivam da faculdade da alma.
Quando digo acima que Satã só tem relação com o mundo sublunar, a nomenclatura a usada na época de Maimônides, pois a idéia vigente sobre mundo era o modelo geocêntrico, onde a terra era o centro do Universo e que o mundo sublunar era o mundo terrestre.
Mal
D'us jamais é o autor direto do mal. Só acidentalmente ou incidentalmente o mal pode ser atribuído a ação divina, enquanto produzida a matéria, que está associada a privação e que, por isso, se transforma na causa da corrupção e do mal. Enquanto D'us produz a matéria com a natureza que lhe é própria, ou seja de estar sempre associada a privação. Toda destruição, corrupção ou imperfeição só existem por causa da matéria. Os males só são males em relação a certa coisa. O mal não tem existência real.
Atribuir a ação divina às privações, tais como mudez, surdez e cegueira só como expressão figurada que significa que D'us, por uma ação indireta, faz cessar as capacidades de falar, de ouvir e de ver.
No homem, por exemplo, a morte é um mal. Também sua enfermidade, sua pobreza, sua ignorância são males em relação a ele, o homem.
Em Bereshit I, 31 está escrito: "E D'us viu tudo o que tinha feito, e era bom." Rabbi Meir diz: "E a morte é um bem." (Bereshit Rabba, seção IX, fol. 7, col 3). Rabbi Meir provavelmente ao querer vincular esta passagem uma reflexão moral sobre a morte, que conduz a vida futura.
Muitos homens acham que o mal é mais frequente no mundo do que o bem. A causa deste erro , diz Maimônides, é que estes homens consideram o universo senão apenas ao indivíduo humano. Homens assim pensam que o Universo só existe para sua pessoa, como se não existissem outros seres nele. Se ocorre algo fora dos seus desejos, julgam que isso é um mal. Mas se o ser humano olhar ao seu redor e ver toda a grandiosidade do Universo e ver que ele, o homem, é tão pequeno o lugar que ocupa nele, a verdade se tornará clara, evidente. O homem não deve se enganar e crer que o Universo só existe para sua pessoa.
Inferno
Inferno é a palavra que vem do latim e significa inferior. Dependendo da tradução, no lugar de inferno, usa-se "mansão dos mortos" ou "Sheol".O conceito de inferno que foi se sedimentandoé bem diferente do conceito de Sheol que é mencionado no Tanack.O conceito de inferno utilizado para manter um certo controle a população, pois já que para manter a ordem social. Na visão de Spinoza, a maioria da população não está preparada para compreender todas as coisas corretas e entendê-las de forma racional, poismuitas pessoas não fazem o Bem pelo prazer de fazer o Bem, e sim com medo de receber o mal. E com o medo de irem para o inferno...Como dizia Maimônides: "Alguns dogmas são importantes para manter a ordem social."O conceito de um inferno em que as pessoas são enviadas após a morte por terem cometido algumas faltas durante a vida ou não seguiram alguns dogmas é ter uma visão muito pequena do D'us que criou o Universo.
Vejamos o seguinte: O que é o nosso tempo de vida comparado com a eternidade? Nada! Então por que temos um tempo finito para nossas realizações e caso elas não estejam de acordo com certas crenças teriamos uma punição eterna? Se sabemos que D'us é misericordioso, como ele poderia dar uma punição eterna? No evangelho tem uma passagem que diz: "Pedro pergunta a Yeshua: Rabbi, quantas vezes devemos perdoar?' Yeshua responde:' 70 vezes 7' ou seja, sempre. E sendo APENAS D'us Eterno, quando se diz que uma alma é punida com o fogo eterno, então não se estaria admitindo também a eternidade do mal? Mas como pode ser o mal eterno se D'us é todo o Bem?
Temos livre arbítrio?
As pessoas tem realmente livre-arbítrio? Essa pergunta não é tão fácil de ser respondida. Para muitas pessoas é muita simples. Vamos ver assunto por alguns ângulos.
Bíblia
Na Bíblia existem muitas passagens que nos levam a concluir que não existe o livre arbítrio, vejamos algumas:
“Há muitos planos do coração do homem mas é a vontade do Senhor que se realiza.” (Provérbios 19, 21)
“Desde o princípio eu predisse o futuro, anuncio antecipadamente o que ainda não se cumpriu. Meu plano realizar-se-á. Executarei todas as minhas vontades.” (Isaías 49,10)
“Fostes vós que plasmastes as entranhas do meu corpo. Vós me tecestes no seio de minha mãe. (...) Quando fui tecido nas entranhas subterrâneas. Cada uma de minhas ações vossos olhos viram.E todos foram escritas em vosso livroCada dia de minha vida foi prefixado, desde antes que um só deles existisse.” (Salmo 138)
Pois bem, pelo que vimos Davi diz que “cada dia de minha vida foi prefixado” e que D'us disse “executarei todas as minhas vontades”. Podemos ter qualquer vontade mas é a vontade do Senhor é que vai ser realizada. Então não temos escolha? Então cada ação, cada pensamento e cada desejo que temos já estava escrito? Isso parece perturbardor e triste. O Universo programado com tudo cronometrado para acontecer, temos hora pra nascer e hora marcada para morrer. Termos sucesso ou fracasso. Termos filhos ou não, como diz em Gênesis: “O Senhor visitou Sarah, como Ele tinha dito, e cumpriu em seu favor o que havia prometido. Sarah concebeu, e apesar de sua velhice, deu à luz um filho à Abraham, no tempo fixado por D'us.” Yeshua disse à seus discípulos: “Ao orar, não faças o mesmo que os pagãos. Que suas palavras sejam pouco numerosas.(...) antes de pedir D'us já sabe tudo o que você precisa.”
No Talmud tem uma passagem que diz: “Tudo está escrito, mas a liberdade de ação foi concedida.” (Rabbi Akiva, Mishnah Avot 3:15). Parece um paradoxo. Como pode “tudo estar escrito” e “ a liberdade de ação é concedida” ? Mas tem como explicar sim. É que quando Rabbi Akiva diz “tudo está escrito” quer dizer que todas as possibilidades de futuro já estão escritas e que qualquer escolha que façamos, terá como consequência um dos possíveis futuros criados por D'us. Mas com isso também estamos limitados e não podemos ter um futuro além daqueles que possíveis e “dados” por D'us para realizarmos.
Física:
Determinismo X Mecânica Quântica
Laplace, que viveu no século XIV, dizia que se tivermos um mecanismo de saber todas as forças que atuam sobre uma partícula e soubessemos sua posição e velocidade, teriamos como saber exatamente como foi o passado e como será o futuro dessa partícula. Isso mecanismo foi chamado de "Demônio de Laplace". Essa idéia de Laplace é o determinismo. Mas existe alguns problemas nessa idéia de Laplace. Primeiramente NÃO TEMOS COMO SABER EXATAMENTE a posição e a velocidade de qualquer corpo, sempre existirá uma incerteza, por mais aprimorado que seja. Sempre teremos um erro associado. Os instrumentos de medida tem sempre se aprimorado, mas nenhum terá uma margem de erro zero.No início do século XX, ocorreu o advento da Mecânica Quântica. Com ela há uma revolução no pensamento científico. Na mecânica quântica deixa-se de usar como padrão de medida a posição e a velocidade da partícula mas a probabilidade em função da energia e do momentum desta. Com Heisenberg, ocorreu a sistematização do seu Princípio da Incerteza, que coloca uma limitação no grau de incerteza nas medições. Isso ocorre porque, com a física quântica, o observador ao ver o experimento, ele o pertuba, ou seja, o observador interfere na observação. Então colocou-se um limite na observação, selando assim a possibilidade de sabermos exatamente, sem erros, as partículas observadas.Mas aí vem a questão: A sempre existência de uma incerteza associada a um experimento é devido a limitação humana de construirmos instrumentos mas aprimorados ou essa incerteza é algo inerente à Natureza?Einstein rejeitava a idéia de um mundo em que as coisas que ocorriam na Natureza ocorriam sem uma razão suficiente, e que a idéia de um mundo onde as coisas não tem uma razão suficiente para acontecerem, caberia a idéia de ocultismo. Para rejeitar essa idéia Einstein disse: "Deus não joga dados com o Universo."Então, para Einstein tem uma razão suficiente para acontecer e, com isso, não cabe o livre arbítrio pois, se tudo ocorre devido a outras e que delas dependem,então inclusive nossas vontades, escolhas, gostos, estão condicionadas por razões suficientes, não ao acaso, como fatores determinantes estão os genéticos, ambientais.
Vejamos: você tem liberdade de quando, onde vai nascer? Você escolhe quem vai ser seu pai e sua mãe? Acho que não.E você sabe também que até criemos consciência de algumas coisas, nós somos influenciados pelos ensinamentos que nos dão, de acordo com o ambiente e a época.E pelo fato de não escolhermos nossos pais, temos a influência na heredietariedade genética, ou seja, o fator genético nos tende a comportamentos acima do que a gente escolheu.Então, como podemos ter um liberdade de escolha, se as nossas escolhas, nossa maneira de pensar foi moldado pelo ambiente até que possamos fazer escolhas? Tudo que o ocorre na Natureza tem motivos suficientes para ocorrerem, dependendo de causas anteriores.
Por esses motivos é que não acredito que tenhamos livre-arbítrio.
domingo, 16 de setembro de 2007
Maimônides, Doutor das Perplexidades
sucederam continua evidente até os dias de hoje.
Rabi Moshê ben Maimon (Maimônides) ou simplesmente Rambam como é mais conhecido, foi
uma destas figuras.
Maimônides nasceu em 1135, na cidade de Córdoba, na Espanha, então sob domínio muçulmano.
A cidade era um grande centro cultural, onde muçulmanos, judeus e cristãos conviviam e participavam ativamente da vida pública.
Em 1148, no entanto, foi tomada pelos Almohads, que pregavam a restauração da fé pura
Islâmica. Os judeus que não se converteram foram expulsos. Rabi Maimon, pai de Maimônides e líder da comunidade judaica de Córdova, levou sua família de cidade em cidade no sul da
Espanha durante a próxima década, à medida que os Almorávidas gradualmente varriam o país.
Os comentários de Maimônides sobre os dois Talmud, o de Jerusalém e o da Babilônia, bem
como seus primeiros tratados, foram compostos durante aqueles anos de perseguição.
Em 1159 chegaram a Fez, Marrocos, onde permaneceram por cinco anos. Maimônides estudou
medicina e Torá durante este período, onde também compilou a maior parte de seu trabalho para o comentário da Mishná. Trabalhando às vezes sob condições difíceis, ele era com freqüência forçado a trabalhar de memória, condensando e esclarecendo as longas explicações talmúdicas da Mishná, sem ter o texto à sua frente.
Terra Santa, Rabi Maimon e sua família chegaram a Fostad, no Egito (antigo Cairo) em 1166, o
ano do falecimento de Rabi Maimon. Durante os cinco anos que se seguiram, a família foi
sustentada pelo irmão de Maimônides, David, permitindo que Maimônides começasse a trabalhar em sua obra Mishnê Torá. Em 1171, no entanto, David morreu num naufrágio, e Maimônides passou a exercer a medicina como forma de sustentar a família. Foi nesta conjuntura que ele deu início àquilo que mais tarde se tornaria uma carreira de sucesso como médico, chegando a servir como médico pessoal do Grande Vizir Alfadhil e do Sultão Saladin.
Por volta de 1177, as obras eruditas de Maimônides tinham se tornado tão respeitadas que foi
convidado a ser Rabino Chefe do Cairo, uma comunidade judaica grande e influente. Apesar
dessas responsabilidades, ele completou a Mishnê Torá logo depois e, dez anos mais tarde, seu
Guia para os Perplexos.
Maimônides fala no 'Guia dos Perplexos' sobre o Gênesis:O livro de Gênesis não deve ser interpretado ao 'pé da letra'. O relato da Criação é contado em parábolas que se interpretado literalmente, segundo Maimônides, levaremos a uma corrupção do verdadeiro sentido do texto e somos levados para irreligião.
Maimônides afirma a Criação ex-nihilo (criação do nada), contra argumentando os peripatéticos (seguidores das idéias de Aristóteles) que defendiam a eternidade do mundo.Segundo Maimônides o Universo não foi criado num determinado tempo, pois o próprio tempo foi criado. Então, na sua visão, não existe um tempo real, como o conhecemos, antes da criação, e sim um tempo imaginário. Ele também afirma que o espaço também foi criado. Deus criou o espaço e o tempo. Essas idéias são parecidas com as da Ciência moderna, que, através dos grandes avanços da Teoria da relatividade, e juntamente com observações astronômicas que nos mostram a expansão do Universo, levou-se a concluir que:
Maimônides diz inequivocamente no 'Guia' que toda coisa material que viria a existir provém daquilo que foi criado no primeiro instante de Criação. Ou seja, o único momento de criação foi aquele e que tudo que viria a surgir é derivado daquela massa (energia) foi criado no ínfimo momento inicial do Universo.
A passagem de Gênesis V, 3 no qual diz que: 'E Adam, tendo vivido cento e trinta anos, gerou a sua semelhança, segundo sua imagem'. É que, de todos os filhos que Adam teve antes de Seth, nenhum possuía ( o que constitui), em realidade, a forma humana, que é chamada com as palavras imagem e semelhança de Adam, e a qual se refere aquele de que Deus criou a Adam a sua imagem e semelhança. Por isso que se diz: E Adam gerou a sua semelhança, segundo sua imagem, referindo-se a Seth, a quem (Adam) havia instruído e dotado de inteligência, com o qual havia feito alcançar a perfeição humana. Tu sabes que quem não obteve forma, cujo sentido acabamos de expor, não é um homem, e sim um animal com figura humana, ainda que com faculdade que não possuem os demais animais, que é a de fazer todo tipo de danos e produzir males. Porque aplica a reflexão e o pensamento, que estavam destinados a fazer-lhe adquirir uma perfeição a qual não alcançou em todo tipo de artimanhas para produzir males e causa danos: pelo qual, em certo sentido, não é mais que algo que se parece a um homem ou que o imita. Tais eram os filhos de Adam anteriores a Seth; por isso foi dito no Midrash: “Adam, durante os cento e trinta anos que foi reprovado, gerou espíritos, ou seja, demônios; mas quando obteve sua graça, gerou seus semelhantes, ou seja, seja sua semelhança, segundo sua imagem. Isto é o que se tem expresso nas palavras: E Adam, tendo vivido cento e trinta anos, gerou a sua semelhança, segundo sua imagem.”(Guia dos Perplexos Tomo I capítulo VII)
Santo Agostinho, diz em sua obra, As Confissões, algo similar:"O estilo usual das Escrituras leva em conta as limitações da linguagem humana, quando dirigida a homens de compreensão limitada."e"... existem por vezes distintas interpretações das Sagradas Escrituras, sem que isso represente qualquer prejuízo para a fé querecebemos. Nestes casos não devemos assumir posições demasiadamente firmes de um dos lados, pois poderemos ficar em situação difícilquando a busca pela verdade demonstrar que a posição que assumimos estava incorreta. Isso teria sido lutar, não pelo ensino das Sagradas Escrituras mas por nós próprios. " (De Genesi ad Litteram)
Maimônides chama a atenção sobre o sentido simbólico do nomes de Caín, Abel e Shet e sobre a alegoria que encerra o relato bíblico. Alguns comentaristas bíblicos relacionam os três filhos de Adam aos símbolos das diferentes faculdades da alma racional. Caín representa a faculdade das artes práticas, necessárias para a conservação do corpo, e das quais a agricultura é uma das principais. O nome 'Caín' que põe em relação com o verbo 'caná' (adquirir), significa 'aquisição', 'posse'. Abel representa representa a reflexão que é ação do ponto de vista moral. O nome 'Abel' que significa vaidade, indica a faculdade da reflexão, ainda que superior as artes práticas, é coisa vã e perecedora. Pois só o que do homem sobra depois da morte é somente apenas a inteligência, representada por Shet que, entre os filhos de Adam, era o único que se assemelhava a seu pai, criado a imagem e semelhança de D'us, como disse anteriormente.
O Talmud (Eruvim 18A) fala sobre o nascimento de Shet, terceiro filho de Adam e Eva, analisando porque a Torah relata duas vezes seu nascimento.“E tornou Adam a conhecer sua mulher, e ela deu a luz um filho a quem chamou Shet” (Bereshit 4:25).“E viveu Adão 130 anos, e ele teve um filho à sua semelhança e forma. Ele o chamou de Shet” (Bereshit 5:3).Segundo o Talmud, estes dois versos revelam que, após o assassinato de Abel por Caim, Adam e Eva se separaram maritalmente por 130 anos, e somente então Adam deitou-se “novamente” com Eva. Duranteestes 130 anos, Adam procriou filhos com outros seres, não com Eva. O Radak comenta que esses filhos eram de fato crianças. Faltava-lhes, no entanto, a neshamá, a alma, para torná-los seres humanos.Maimônides descreve estas crianças como sendo seres humanos em forma e inteligência, mas nada humanos em espiritualidade, como falamos mais acima.
Na visão de Spinoza, a maioria da população não está preparada para compreender todas as coisas corretas e entendê-las de forma racional. Por isso, diz ele, Moisés ao dar leis ao povo, colocou de forma de que se as pessoas não a fizessem, D'us ficaria irritado, pois muitas pessoas não fazem o Bem pelo prazer de fazer o Bem, e sim com medo de receber o mal.
Rambam fala no 'Guia' (Tomo I, capítulo LVII) a existência e a essência de D'us são a mesma coisa, que não podem ser separadas uma da outra. Não caberia fazer uma delas o atributo da outra. Para Maimônides não se pode atribuir a D'us como atributo a existência e que D'us não pode ser definido e, por conseguinte, nenhum atributo senão a sua essência.D'us é o ser necessário, o qual não composição. Só alcançamos d'Ele que é, pelo que não é. Não se pode admitir, portanto, que tenha atributos afirmativos, pois não existe ser fora de sua essência. Com razão não cabe que sua essência seja composta, de maneira que o atributo indique duas partes e com maior razão, todavia, não pode ter movimento que possam ser indicado pelo atributo. No há, então, como dar a D'us atributos afirmativos.Para isso o Rambam cita Eclesiastes (Kohelet) V,1: "Pois D'us está no céu e tu na terra, que suas palavras sejam pouco numerosas."
Santo Agostinho (século V) tem a mesma opinião: é impossível para o homem uma definição da natureza de D'us e que é mais fácil saber aquilo que Ele não é do que aquilo que Ele é: "Quando se trata de D'us, o pensamento é mais verdadeiro do que a palavra e a realidade de D'us mais verdadeira do que o pensamento." E santo Agostinho diz: "Concebemos D'us bom sem qualidade, grande sem quantidade, criador sem necessidade, o primeiro lugar sem colocação, contendo todas as coisas mas sem exterioridade, todo presente em toda parte mas sem lugar, sempiterno sem tempo, autor das coisas mutáveis mesmo permanecendo absolutamente imutável e sem sofrer qualquer coisa."
Quando se fala em milagres, muitos pensam que são eventos que ocorrem, devido a uma vontade momentânea de D'us, e que Ele interfere o andamento do Universo, com eventos fora das leis da Natureza.Na visão de Maimônides, a qual concordo, é de que os milagres não são eventos fora das leis da Natureza, pois, a vontade de D'us é Única, Eterna e Imutável. E que os eventos da natureza que parecem extraordinários no referencial humano, são eventos já consequentes do Universo primordial criado por Ele, devido que único momento ocorreu criação foi nos primórdios do Universo e que depois, foram combinações de tudo o que foi criado naquele ato inicial e que depois tudo o veio a surgir foi formado. E D'us criou tudo segundo sua natureza. E como sabemos, a natureza, a essência e a vontade de D'us são a mesmíssima coisa.Spinoza tem opinião similar. Ele diz que os milagres não transgridem as leis da Natureza devido a uma vontade momentânea de D'us. Os milagres, segundo Spinoza, são acontecimentos naturais que não ocorrem com a mesma intensidade que os demais fenômenos e, por isso, segundo a visão de muitas pessoas, parecem fenômenos supra-naturais.
Que em D'us, 'saber' significa o mesmo que 'viver', pois todo ser que percebe a si mesmo está dotado de vida e de ciência ( tomadas aqui em um só e mesmo sentido). Assim se entende por 'ciência' a percepção de si mesmo. A vida e a ciência são, em D'us, a mesma coisa. O 'poder' e a 'vontade' não existem tão pouco no Criador por relação a sua essência; pois não exerce sobre si mesmo, e não pode atribuir uma vontade que se tenha a si mesmo por objeto, coisa que nada poderia figurar.D'us, o Altíssimo, é o Ser necessário, o qual não há composição. Compreendido que nesse Ser, tal como é, não há, por exemplo, uma existência dos elementos, que são corpos inanimados, dizemos que é 'vivente', o que significa que D'us não carece de vida. Compreendido, logo, que não sucede com esse Ser como a existência do intelecto, que, ainda que, não seja um corpo, nem carece de vida, é , sem dúvida, produzido por uma causa, dizemos que D'us é eterno, o que significa que não tem causa que O fez existir. Logo compreendemos que a existência desse Ser, que é sua essência, não só lhe basta para ele existir,ou ele mesmo, senão que, ao contrário, dele emanam numerosas existências atribuímos a D'us a potência, a ciência e a vontade, querendo dizer que com esses atributos que D'us não é nem impotente, nem ignorante, nem negligente. Se declaramos que não é impotente, isto significa que sua existência basta para fazer existir coisas distintas dele.Nossas inteligências são demasiado débeis para compreender as leis da Natureza, entender os acontecimentos astronômicos. O que será de nossas inteligências ao se tratar de alcançar Aquele que está isento de matéria, que é de uma simplicidade extrema, Ser necessário que não tem causa e que não está afetado por nada acrescentado a sua de sua essência perfeita, cuja perfeição significa, para nós, negação de imperfeições. Que D'us governa os seres e os mantém em sua ordem.
"Meus pensamentos não são os vossos pensamentos, vossos caminhos não são os meus, disse o Eterno; pois, assim como os céus que se encontram por cima da terra, assim meus caminhos estão por cimas dos vossos caminhos e meus pensamentos por cima de vossos pensamentos." (Isaiah, LV, 8-9)E assim Maimonides sintetiza seu pensamento: Assim como, sem compreender a verdadeira essência de D'us, sabemos, sem dúvida seu ser é o ser mais perfeito, que não se fala de nenhuma maneira afetado de imperfeição nem de mudança nem de paixão, assim, sem compreender o que sua ciência é na realidade, posto que ela é sua essência, sabemos, sem dúvida, que não ou saber ou ignorar. Quero dizer, que não pode sobrevir-lhe nenhuma ciência nova, que sua ciência não pode ter multiplicidade nem fim, que nenhuma das coisas existentes ser-lhe desconhecida e que o conhecimento que tem das coisas deixa intacta a natureza delas mesmas, conservando o possível a natureza da possibilidade. Se há no conjunto destas proposições algumas que parecem contradizer, é porque as julgamos com nossa ciência, que não tem nada em comum com a ciência de D'us, exceto pelo nome. Igualmente, a palavra 'intensão' se aplica, por simples homonomia, ao que temos em vista e ao que disse que D'us tem em vista. Assim, finalmente, a palavra 'providência' se aplica, por homonomia, ao que nos preocupa e ao que se preocupa a D'us. Por tanto, a verdade é que a 'ciência', a 'intensão' e 'providência' atribuídos a nós não tem o mesmo sentido quando atribuídos a D'us. Quando se utilizam , pois, em um só e mesmo sentido as da providências, as da ciência ou das intensões, sobreveêm as dificuldades e nascem das dúvidas do temos falado. Mas, a verdade se torna clara quando se atribui a D'us. A diferença que há entre as coisas atribuídas a D'us e as mesmas coisas atribuídas a nós, se há enunciado claramente com estas palavras: Vossos caminhos não são os meus, como tinhamos dito.
Maimônides deixa claro que essa não é uma verdade que possamos conhecer somente pela fé, ela é acessível às luzes de nossa razão. Basta pensar com um pouco de sensatez para perceber que D'us criador existe. Não é, pois, primariamente, assunto de fé, senão de honradez intelectual. E, seguindo o filósofo árabe Avicenna, raciocina assim: Temos experiência que todas as coisas neste mundo começam e acabam; e assim elaboramos a noção de 'ser contingente'. Um ser é contingente quando existe, o que se adverte, porque alguma vez deixará de existir; existe de fato, mas não de direito. Isso significa que seu 'existir' não lhe pertence por natureza. De modo que todos os seres contingentes têm a existência recebida; o que equivale a dizer que não existem por si mesmos, a não ser por outro. E sendo essa condição igual para todos, nenhum ser contingente existiria se não houvesse um Ser necessário, isto é, aquele cuja natureza 'é' o existir mesmo, de modo que não tenha recebido, nem o 'tenha', a não ser que 'é'. Este ser 'não pode não existir', sua inexistência é impossível, por isso o chamamos de Ser necessário: ele é o 'ser por essência', D'us mesmo. A razão nos ensina que não poderia haver seres contingentes sem um Ser Absoluto ou Necessário, mas há seres contingentes, logo Absoluto existe!
D'us jamais é o autor direto do mal. Só acidentalmente ou incidentalmente o mal pode ser atribuído a ação divina, enquanto produzida a matéria, que está associada a privação e que, por isso, se transforma na causa da corrupção e do mal. Enquanto D'us produz a matéria com a natureza que lhe é própria, ou seja de estar sempre associada a privação. Toda destruição, corrupção ou imperfeição só existem por causa da matéria. Os males só são males em relação a certa coisa. O mal não tem existência real.Atribuir a ação divina às privações, tais como mudez, surdez e cegueira só como expressão figurada que significa que D'us, por uma ação indireta, faz cessar as capacidades de falar, de ouvir e de ver. No homem, por exemplo, a morte é um mal. Também sua enfermidade, sua pobreza, sua ignorância são males em relação a ele, o homem.Em Bereshit I, 31 está escrito: "E D'us viu tudo o que tinha feito, e era bom." Rabbi Meir diz: "E a morte é um bem." (Bereshit Rabba, seção IX, fol. 7, col 3). Rabbi Meir provavelmente ao querer vincular esta passagem uma reflexão moral sobre a morte, que conduz a vida futura.Muitos homens acham que o mal é mais frequente no mundo do que o bem. A causa deste erro , diz Maimônides, é que estes homens consideram o universo senão apenas ao indivíduo humano. Homens assim pensam que o Universo só existe para sua pessoa, como se não existissem outros seres nele. Se ocorre algo fora dos seus desejos, julgam que isso é um mal. Mas se o ser humano olhar ao seu redor e ver toda a grandiosidade do Universo e ver que ele, o homem, é tão pequeno o lugar que ocupa nele, a verdade se tornará clara, evidente. O homem não deve se enganar e crer que o Universo só existe para sua pessoa.
Quando digo acima que Satã só tem relação com o mundo sublunar, a nomenclatura a usada na época de Maimônides, pois a idéia vigente sobre mundo era o modelo geocêntrico, onde a terra era o centro do Universo e que o mundo sublunar era o mundo terrestre.
Muitas pessoas tem a opinião errônea de que Satã é a personificação do mal e que este rivaliza com D'us. Como expus, Satã está associada a privação. E também disse que D'us é o agente de todo o bem e tudo que foi criado. Como D'us criou a matéria, a privação é algo inerente a natureza da matéria. Satã é um anjo, mas está num ranking menor do que os outros anjos, filhos de D'us e, muito menos rivalizar com D'us.O mal existe apenas em relação a alguém. Quando ocorre uma privação, por exemplo, a privação de audição para o homem isso é um mal. Para D'us, que está isento de privações, que é eterno e toda perfeição, para Ele não existe o mal.
1)Creio plenamente que D’us é o Criador e guia de todos os seres, ou seja, que só Ele fez, faz e fará tudo.
Jesus, o Judeu.
Rabbi Hillel disse: "Não faças a outrem aquilo que não queres que te façam: isto é a Lei, o resto é comentário."
Quando Yeshua, às voltas com o ceticismo saduceu, afirma sua fé na ressurreição dos mortos, é a doutrina farisaica que ele adota. (Lucas 20,39)
"Se acaso omitires ou acrescentares uma única letra da Torah, estarás assim destruindo todo o Universo." Tradição dos sefraim (copistas).
Não foram os judeus que mataram Yeshua. Seus primeiros discipulos eram judeus e, alguns, até fariseus. A crença de Yeshua era bem próxima dos fariseus, pois acreditavam na ressurreição dos mortos, em anjos.(Os fariseus além da Torah escrita, aceitavam a Torah oral,que posteriormente, muitos de seus ensinamentos foram escritos como o Talmud). Os saduceus que detinham o poder religioso só eram apegados a Torah escrita, ao pé da letra.
João 7,50-51 : Nicodemos, um deles, o que antes fora ter com Yeshua, perguntou-lhes: "Acaso nossa Lei condena alguém sem primeiro ouvi-lo e saber o que fez?"
O Pai Nosso
O Pai nosso, oração ensinada por Yeshua, tem uma óbvia relação com a tradiçãojudaica como podemos ver abaixo:
Jesus em nenhum momento quis fundar uma religião. O que ele buscava era um plenoconhecimento da Torah. Seus ensinamentos, parábolas constam em escritos judaicos, como o Talmud. Quando ele acusava os fariseus e os escribas de hipócritas, não era de uma forma generalizada, pelo simples fato de ser escriba ou fariseu, e sim porque em qualquer segmento religioso, as pessoas esquecem a base da religião e se apegam a alguns dogmas, ou seja, transformam detalhe em fundamento e fundamento em detalhe. Podemos ver que Jesus debatia com os fariseus e os escribas porque Jesus também era um deles, pois compartilhavam na crença daressurreição dos mortos e a existência dos anjos. Não se vê uma autoridade rabinica discutir com qualquer um. Eles só debatem com pessoas do seu meio e a que respeitam. E isso fica claro no relato dos evangelhos. O Talmud está repleto de debates entre os rabbis. Entre os discipulos de Jesus tinha fariseus: Nicodemos, José de Arimatéia e, posteriormente Paulo de Tarso, e em Atos dos apóstolos cita a existência de outros que, antes de abraçarem a fé no Messias eram da seita dosfariseus.Por questões de inveja e medo, com certeza deveria existir sujeitos que queriam acabar com a vida de Jesus. Mas, como vimos anteriormente, não podemos dizer que todo os judeus queriam acabar com Jesus. O rabbi Gamaliel, na ocasião em que os discipulos de Jesus foram presos, ele disse para soltá-los, pois se o que eles pregavam fosse obra dos homens, os seus empreendimentos não iriam a frente.Se Jesus vivesse hoje em dia, ele falaria as mesmas coisas, mas só que em vez de ser nas sinagogas, seria nas igrejas; ele diria: "Os hipócritas ficam de pé nas igrejas..."," Os pastores forçam as pessoas a se converterem para sua religião e depois a levam para o inferno..." , "Façam os que os padres e pastores dizem, mas não façam o que eles fazem, pois dizem e não fazem." "O domingo é servo do homem e não o homem é servo do domingo.""Não faças que nem os pagãos, que rezam em demasia..."
Na passagem de Mateus 23,1ss : Dirigindo-se, então, Jesus à multidão e aos seu discípulos, disse: "Os escribas e os fariseus sentaram-se na cadeira de Moisés. Observai e fazei tudo o que eles dizem, mas não façais como eles, que dizem e não fazem. (...) "Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia, a fidelidade. Eis o que era preciso praticar em primeiro lugar, sem contudo deixar o restante. Guias cegos! "
Argumentos católicos
Muitos católicos vão alegar a passagem: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra erguirei minha igreja." Mas há questionamentos:
Paulo, o fundador do Cristianismo.
Jesus não quis fundar nenhuma religião. Quem na realidade fundou o Cristianismo foi Paulo.Paulo antes se chamava Saulo de Tarso. Era um fariseu e foi aluno de Rabbi Gamaliel, e possuia cidadania romana.Inicialmente, Paulo era um perseguidor dos seguidores de Jesus na Paletina e, depois de passar por uma "visão mística", passou a aceitar o Jesus como messias.No primeiro concílio da igreja (comunidade) dos seguidores de Jesus, chamado Concílio de Jerusalém, ocorreu a primeira disputa teológica dentro do Cristianismo:Se os seguidores de Jesus deveriam seguir alguns rituais, como a circuncisão, leis do Shabat e leis alimentares. De um lado, dos que eram a favor do seguimento da Torah encontravam-se Pedro, a quem Jesus escolheu para ser líder de sua comunidade, e Thiago. E do outro, que eram contrários aos convertidos que seguissem os preceitos judaicos, encontrava-se Paulo. Ao término do Concílio de Jerusalém, a opinião de Paulo foi vencedora.Isso constituia um rompimento dos judeus-cristãos (essa expressão é válida, pois todos os primeiros seguidores de Jesus eram judeus e que acreditavam que Jesus era o Messias, e não existia uma religião cristã, todos eram judeus praticantes).O argumento de Paulo para que os novos adeptos da nova "religião" oriundos do paganismo (gregos e romanos) é que se, os rituais judaicos são muitos e isso seria um obstáculo muito grande para eles. Então, para simplificar, Paulo dizia que bastava acreditar no salvador Jesus.
Por que o Cristianismo fez tanto sucesso?
O Cristianismo teve uma aceitabilidade muito grande nos povos adjacentes a Palestina, no caso das culturas Grega e Romana.Os cultos romanos tinham cerca de 30.000 deuses, com aspectos humanos, assim como os gregos, tinham deuses para cada finalidade: para o amor, para proteção da casa, para os prazeres carnais. E esses deuses tinham amor, ira, entre outros antropormorfismos. E em Roma, juntamente com essas divindades, tinha cerca de 157 feriados para homenageá-las. Os indivíduos mais estudados viam que ocorriam uma grande perversão moral e que o culto à essas tantas divindades não era ilógico. Então as mais pessoas mais cultas viam que o monoteísmo judaico era muito mais racional e que, o Deus de Israel, não era um Deus mesquinho, com forma humana e nem paixões. Aí vem a pergunta: por que não se convertiam ao Judaísmo?Como falei anteriormente, o Judaísmo é uma religião com muitas exigências para conversão. Então isso impedia que pessoas de outras culturas se convertessem.Mas aí que entra Paulo.Paulo viu que havia essa simpatia pelo monoteísmo judaico por parte deles e, vendo também, que os romanos acreditavam em deuses em formas humanas, matou dois coellhos de uma vez só:Tirando todos rituais de conversão, os romanos entrariam numa religião monoteísta, o mesmo Deus de Israel e, identificando Jesus com a encarnação divina, ou seja, um deus em forma humana. Com isso foi tendo a aceitabilidade tanto da elite intelectual, como também do povo.Os romanos, depois de um tempo, passaram a identificar Jesus com o Sol, sua maior divindade. Por isso que a data que é comemorado o nascimento de Jesus é 25 de dezembro, pois, no calendário romano, esse dia era comemorado o dia do Sol Invencível.
É importante ressaltar que os seguidores judeus de Jesus NÃO o identificavam como sendo Deus. Eles o identificavam como Cristo (Messias) e profeta.
Porque Jesus não teve tantos seguidores em Israel?
Jesus não teve muitos seguidores em Israel. E por que?A primeira é que Jesus pregou por muito pouco tempo, apenas cerca de 3 anos.Comparando com outros nomes da história da religião, Buda pregou durante 30 anos.Maomé pregou cerca de 40 anos. Então Jesus não teve muito tempo para pregar e então, por isso, sua seita não poderia ter crescido tanto durante a sua pregação.Outro fator importante foi que entre os anos 66 e 70, ocorreu a Guerra Judaica, onde na qual teve-se um massacre e das seitas judaicas existentes na época (Saduceus, Fariseus, Zelotas, entre outras), apenas os Fariseus restaram e estes foram os responsáveis pela reconstrução da identidade judaica. Entre as que desapareceram em Israel, estava as dos seguidores de Jesus.Os seguidores de Jesus expandiram pela Grécia e por todo o Império Romano. Com o passar do tempo, foi ocorrendo um distanciamento cada vez maior entre os cristãos e os judeus, até que se tornarem, em certos pontos, religiões antagônicas.O cristianismo primitivo foi se perdendo, foi agregando cada vez mais cultos pagãos e devido a isso, o afastamento quase que por completo de sua mãe, o Judaísmo.