sábado, 15 de novembro de 2008

A prática do bem

A prática do bem



A prática do bem é pregada por todas as seitas, segmentos religiosos e que, tais práticas nos trarão recompensas futuras, seja nesta vida ou numa possível existência pós-morte. Dizem os pregadores: "D'us está olhando os seus atos. Ele te recompensará." O que podemos notar que as boas ações praticadas pelas pessoas seguidoras de tais religiões apenas o fazem por ser uma obrigação religiosa e outros de forma interesseira ou por causa de medo. Interesseira porque espera recompensas numa melhoria na qualidade de vida, no aspecto material, ou ir para o paraíso. E outros, fazem o bem para fugir do mal, com medo de castigos. Em ambos os casos, não são atitudes sinceras. Não há o prazer da prática das virtudes.

"A recompensa da virtude é a virtude em si mesma." como disse Spinoza. Na mesma linha, Maimônides considera que a fé em D'us deve ser totalmente desinteressada, ou seja, não esperar nenhuma recompensa e, acrescentemos, nenhum castigo por suas ações. O exercício da justiça, da verdade e do amor ao próximo constituem, por si sós, sua recompensa. Mas, infelizmente, muitos não conseguem ver, pela luz da razão, que respeitar o próximo, não cometer crimes contra os semelhantes são fundamentais para a felicidade e a harmonia social. Uriel da Costa, em seu "Exemplo da vida humana" que é uma lei natural e que aquele que não gostam o que façam consigo não vai fazer contra os outros. Mas para os indivíduos que não são capazes de enxergar isso, é aceitável a fé interesseira, ou seja, a fé daquele que crê na recompensa por suas boas ações e no castigo pelas más, única forma de fé acessível ao comum das pessoas. O homem em busca da verdade deveria se esforçar e, no limite de seus recursos, procurar aproximar-se da fé desinteressada.

Para expressar bem o ideal de pensamento, segue duas passagens da personagem Branca, da obra "O Santo Inquérito" de Dias Gomes, após salvar o padre de um afogamento. Ela, posteriormente, seria acusada como herege e morta na fogueira, por acusação de heresia.

"Acho que as boas ações só valem quando não são calculadas. E D'us não deve levar em conta aqueles que praticam o bem só com a intenção de agradar-lhe."

"Não foi querendo agradar a D'us que eu me atirei ao rio pra salvá-lo. Foi porque isso me deixaria satisfeita comigo mesma. Por que era um gesto de amor ao meu semelhante. E é o amor que a gente se encontra com D'us. No amor, no prazer e na alegria de viver."

Autoridades religiosas X autoridade natural

Autoridades religiosas X autoridade natural



Nos ramos do conhecimento humano, as que estão muito afastadas são a religião (teologia) e a ciência (física, química e biologia) e a filosofia.

A distância entre a ciência e a teologia se acentuou nos séculos XVI e XVII com o avanço das descobertas e observações astronômicas e as teorias a partir destas, com Galileu Galilei, Johannes Kepler que perceberam que o sistema geocentrico (Terra no centro do Universo) de Ptolomeu, adotado pela Igreja, não condizia com a verdade. Galileu foi obrigado a abjurar de suas idéias e ficou em prisão domiciliar até sua morte. Em 1600, Giordano Bruno (que foi mais ousado, ao dizer que nem mesmo o Sol era o centro do Universo, e que este era infinito e afirmou que existem outros sóis e estes eram orbitados por planetas habitados) foi queimado vivo pela Inquisição. Como vimos, as evidências não eram levadas em consideração, quem dizia o que era “verdade” e “certo” eram as autoridades eclesiásticas.

Então, qual a diferença entre as autoridades religiosas e a autoridade natural?
Primeiramente, as autoridades religiosas não se valem de demonstrações, e sim da imposição de um conselho. Se voltarmos no 1º século da era comum (era cristã), não existia uma bíblia como a conhecemos hoje. O que havia eram vários textos, de autores, de sábios (rabinos) e avaliavam quais textos seriam “inspirados por D'us”. Muitos textos foram descartados por não apresentarem uma sincronia com a Torah, e não passaram pelo crivo sacerdotal, e ficaram de fora do canone hebraico. Por tanto, quem decidiu quais textos eram inspirações foram as autoridades estabelecidas. O mesmo ocorreu no século III, quando Constantino se converteu ao cristianismo e, consequentemente, o Império Romano, escolheram qual seria seu canone e discartaram todas as outras correntes que divergiam da adotada pelo seu Império.
Na época de Galileu, o que valia a palavra da Igreja, quer dizer do Papa. Os dogmas, de qualquer religião, não são passíveis de discussão. O dogma da concepção virgem de Maria só foi posta no final do século XIX, após o Papa ter a “iluminação” de que isso condizia com a verdade irrevogável.

A ciência (física, química e biologia) não tem como autoridade um homem, um papa ou um conselho, que vai dizer o que é certo ou errado. A autoridade, para a ciência, é a própria Natureza. Como bem escreveu Werner Heisenberg, um dos pais da Mecânica Quântica, em seu livro “Física e Filosofia”: “(...) Há uma característica da ciência que a torna mais apropriada do que qualquer atividade para criar a primeira ligação sólida entre tradições culturais e diferentes. Esse tributo reside no fato de as decisões últimas, acerca do valor de um determinado trabalho científico sobre o que esta correto ou incorreto no trabalho em questão, não dependem de qualquer autoridade humana. Pode, às vezes, ocorrer, que muitos anos se passem até que se conheça a solução de um problema, antes que se possa distinguir entre verdade e erro; mas, em definitivo, as questões dicidir-se-ão e as decisões, a essa respeito, não serão tomadas por um grupo qualquer de cientistas mas sim pela própria Natureza.(...)”

Os líderes religiosos arrogando-se de que foram “escolhidos por D'us”, que Ele lhes falam e decidem , segundo seus interesses, o que é verdade ou não, ao contrário da ciência que, quem decide o que é certo ou errado é a Natureza, ou seja, o próprio D'us.

Na época de Galileu, falava-se de duas modalidades de revelação de D'us: uma estava inscrita na Bíblia e a outra encontrava-se no livro da Natureza. As Santas Escrituras foram escritas pelo homem e, assim, estavam sujeitas a erro, enquanto que a Natureza era a expressão diretas das intenções divinas. E como escreveu Uriel da Costa que “D'us , como autor da Natureza não poderia estar em contradição consigo mesmo”. Por isso que, os adeptos da ciência natural podem argumentar que as experimentações revelam uma verdade inegável; que não se pode admitir que qualquer autoridade humana arrogue-se ao direito de decidir o que realmente ocorre na Natureza e que, a decisão final a respeito cabe a Ela e, nesse sentido, a D'us.

Revendo as orações

Revendo as orações



Em outra oportunidade, falei sobre as orações, a qual obtive muitas refutações com citações bíblicas e de outros textos.

Muita gente acha que, para resolver os problemas de suas vidas, devem ficar orando ou rezando, horas e horas, repetindo várias vezes as mesmas palavras e pedidos. Os sacerdotes católicos aparecem rezando o terço, repetindo 10 vezes os mesmos refrões de manhã, a tarde, a noite, coisas do tipo “Obrigado Jesus”, entre outras. Por que repetir tantas vezes? O terço que repete 100 ave-marias, 10 pai-nossos. Por que tal exautão de repetições? D'us precisa que repita tantas vezes os pedidos para que Ele poça escutar? Esquecem eles, os padres e sacerdotes de todas as denominações cristãs o que Jesus mesmo disse: “Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras. Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que é necessário, antes que vós lhos peçais (Mateus6:5-8)

E os evangélicos, que fazem cultos com shows, espetáculos, cantorias, cada artista expondo suas “devoções”? Pulam, gritam, oram em voz alta, na frente de todos para demonstrarem sua “fé”. Isso é diamentralmente contrário ao que Jesus recomendou: “ Quando orardes, não façais como hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam sua recompensa. Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo...” (Mateus 6).

O filósofo judeu Maimônides preconizava uma oração curta, tal como estava codificada no Talmud, sem as numerosas adições impostas pelo uso, em particular, textos, nem músicas e reprovava as efusões públicas de emoção religiosa.

Se a oração é para D'us, e Ele está em todos os lugares, para que é necessário fazer as orações em templos ou lugares públicos? Se Ele sabe tudo, antes das coisas acontecerem, por que pedir? Se Ele sabe a nossa essência, nosso mais íntimo pensamento (D'us nos conhece melhor que nós a nós mesmos, como falou Agostinho) por que gritar, cantar, berrar em orações? Refletindo sobre essas coisas, podemos tirar grandes conclusões...

domingo, 26 de outubro de 2008

Um manifesto contra a intolerância

Hoje não estou escrevendo um texto com minhas palavras, mas apenas um texto do século XVII, que expressa a intolerância, que ainda que persiste em nosso mundo. Uriel da Costa foi uma das vítimas da intolerância religiosa, assim como Giordano Bruno, pouco tempo antes.

Uriel da Costa (1585-1640), filósofo e livre pensador. Nascido em família marrana, de pai católico devoto e mãe secretamente judia, estudou na Universidade de Coimbra e entrou para o serviço eclesiástico no pequeno escalão. Em sua autobiografia diz ter-se voltado para o judaísmo após uma longa leitura da Bíblia. Tendo convertido sua família ao "seu" judaísmo, foge da Inquisição, instala-se em Amsterdã para praticar livremente sua religião e descobre que seu judaísmo difere sensivelmente do judaísmo rabínico. Ele critica a rigidez e o ritualismo dos "Fariseus de Amsterdã" e discute a doutrina da imortalidade da alma que não lhe parece ser explícita na Bíblia. Uriel da Costa é considerado a vítima por excelência do obscurantismo e da intolerância religiosa.



ESPELHO DA VIDA HUMANA

Vi a luz em Portugal, na cidade do Porto. Os meus progenitores pessoas bem nascidas, descendiam de judeus. que em tempo haviam sido forçados neste reino a abraçar a religião cristã. Meu pai era verdadeiro cristão, observantíssimo dos preceitos da honra e grande prezador da honestidade de costumes. Em sua casa fui criado fidalgamente. Não faltavam servos e na cavalariça cavalo de boa raça espanhola para exercícios de equitação, arte cm que meu pai era versadissimo. e eu de longe lhe seguia as pisadas. Depois de instruído em algumas disciplinas que os mancebos de boa família costumam aprender, passei a estudar Direito. No que toca á índole e condição, era eu por natureza mui piedoso e tão propenso á compaixão, que se alguma vez ouvia contar uma desgraça acontecida a outrem, de modo nenhum podia conter as lágrimas. A vergonha era a tal ponto inata em mim, que de nenhuma cousa eu tinha tanto medo, como do que deslustra o nome. O meu coração não agasalhava nenhum sentimento baixo. e não deixava de abrir a porta á ira, se a causa justa o requeria. Assim que eu era na verdade adverso aos soberbos e insolentes que por des­prezo e violência costumam agravar os seus semelhantes, desejando apadrinhar os fracos e pondo-me de preferência ao lado deles. Pelo que respeita a religião, padeci na minha vida cousas inacreditáveis. Fui criado, segundo o costume daquele reino, na religião católica, e sendo já rapaz feito, com grande temor da condenação eterna, desejava observar pontualmente todos os preceitos religiosos. Aplicava-me á leitura do Evangelho e de outras obras espirituais, percorria as Sumas dos confessores, e quanto mais me entregava a estes estudos, maiores dificuldades se me alevantavam. Acabei por cair em inextricáveis enleios, em ansiedades e aperturas de coração. Ia-me finando de melancolia e mágoa. Antolhou-se-me impossível confessar os pecados segundo os termos da Igreja romana, de modo que pudesse obter dignamente a absolvição e cumprir tudo quanto era requerido. A consequência foi desesperar da salvação, se a salvação tinha de ser obtida mediante a observância de tais normas. Ora sendo difícil poder apartar-me de uma religião a que desde o berço fora acostumado e que pela fé, já tinha deitado em mim fundas raízes, comecei a pensar — foi isto à volta dos vinte e dois anos que poderia talvez ser menos verdade o que se dizia de uma outra vida, e a ter incertezas sobre se a fé prestada a tais dogmas se casava bem com, a razão, por isso que a mesma razão me ditava e de continuo me metia pelos ouvidos dentro muitas cousas que fortemente contrariavam aqueles dogmas. Entrado nesta dúvida assosseguei, e fosse o que fosse, assentava comigo que por tal rota não podia alcançar a salvação da alma. Por esse tempo cursava eu as aulas de Direito, segundo já disse, e andando nos vinte e cinco anos, como se me deparasse ensejo, obtive um beneficio eclesiástico, a tesouraria de uma Colegiada.
Não tendo, porém, encontrado repouso na religião católica romana, e desejando estar abraçado a alguma religião, cri que sabia que entre cristãos e judeus havia rijo combate, pus-me a percorrer os livros de Moisés e dos profetas, onde se me apresentavam alguma cousa que estavam em não pequena contradição com o Novo Testamento e encerravam menor dificuldade. Demais no Antigo Testamento criam tanto os judeus como os cristãos, no Novo Testamento só os cristãos. Acabei por entender, acreditando em Moisés, que devia obedecer á Lei, visto que ele afirmava ter recebido tudo de Deus, declarando-se puro mensageiro chamado pelo próprio Deus para esta missão, ou melhor, obrigado (destarte se enganam os pequeninos). Isto assentado, como quer que naquele reino não houvesse liberdade de professar de algum modo a religião de Moisés, pensei em mudar de residência, deixando a terra pátria. A este fim não duvidei resignar em favor de outrem o benefício eclesiástico, não cuidando dos proventos nem da honra que dali me vinham conformemente aos usos daquele país. Deixei também uma formosa casa de habitação, situada em uma parte magnífica da cidade e construída por meu pai. Embarcámos, pois, não sem grave risco, — os que descendem de hebreus não podem deixar o reino sem permissão especial d’el-rei — eu. minha mãe e meus irmãos, aos quais. movido pelo amor fraterno, eu comunicara o que sobre a religião me havia parecido mais consentâneo, embora tivesse dúvidas acerca de alguns pontos e esta comunicação poderia redundar em grande mal para mim: tão perigoso é naquele país falar em semelhantes assuntos! Ter minada a viagem, aportámos a Amsterdam, onde encontrámos os judeus vivendo em liberdade. Em obediência á Lei, cumprimos para logo o preceito da circuncisão.
Ao cabo de alguns dias tinha-me a experiência mostrado que os costumes e ordenações dos judeus estavam longe de casar-se com os preceitos de Moisés. Ora se cumpria observar a Lei com pureza, segundo ela própria requer, mal andaram os chamados Doutores dos judeus com tantas invenções, que de todo o ponto destoam da Lei. Assim que não pude acabar comigo que me contivesse, antes entendi que faria cousa do agrado de Deus, se defendesse a Lei com isenção. Estes Doutores judaicos do tempo presente – que ainda conservam os seus costumes e condição maldosa, porfiando galhardamente em defesa da seita e das instituições dos abomináveis fariseus, não sem esperança de benesses pessoais e, segundo já outrora lhes foi imputado fundamentadamente, para ocuparem as primeiras cadeiras no templo e terem as primeiras saudações na praça pública – de modo nenhum vieram em que, sequer nas cousas mais pequenas, eu me apartasse deles, pretendendo que sem desvio algum lhes fosse na esteira; de contrário, ameaçaram-me com a excomunhão e privação de toda a comunicação com os fieis nas cousas divinas e humanas. Como, porém, ficasse muito mal virar as costas diante de tal medo quem por amor da liberdade deixara a pátria e desprezara outros proveitos, e o submeter-me a homens em tal caso, mormente quando eles não tinham poder legítimo, fosse acto de pouca religião e impróprio do homem digno deste nome, decidi antes padecer tudo e permanecer firme no meu propósito. Consequentemente fui por eles excomungado e excluído da comunicação com todos os fieis, e os meus próprios irmãos, de quem anteriormente eu fora mestre, com medo deles passavam por mim na rua sem me saudar.
Nestas circunstâncias resolvi escrever uma obra em que mostrasse a justiça da minha causa e provasse claramente à luz da própria Lei o infundado dos ensinamentos e práticas dos fariseus e o contraste em que as suas tradições e instituições estavam com a lei de Moisés. Principiada a obra, vim também – cumpre referir tudo como se passou, sem refolho e com verdade – a abraçar, resoluta e deliberadamente, o parecer daqueles que assentam serem temporais o prémio e a pena da Lei velha, e não crêem em uma outra vida e na imortalidade da alma, estribando-me, para não falar doutras razões, em que a Lei de Moisés guarda absoluto silêncio sobre estes pontos, e aos que observam ou quebrantam os seus preceitos, só promete prémio temporal ou pena temporal. Grande foi o regozijo dos meus inimigos ao saber que eu adoptara este parecer, julgando terem alcançado só por este facto larguíssima defesa perante os cristãos, que em virtude de fé especial fundada na Lei evangélica, onde se faz menção expressa da felicidade eterna e das penas eternas, crêem e reconhecem a imortalidade da alma. Com este intuito e para me taparem a boca nos demais pontos e me tornarem odioso entre os próprios cristãos, antes de entrar no prelo o meu escrito, tiraram a lume um opúsculo, da mão de certo médico, com o título De immortalitate animarum. Na sua obra o médico fartava-se de atassalhar-me, como que eu defendesse a seita de Epicuro pois quem negava a imortalidade da alma, pouco faltava para negar a existência de Deus. — Neste tempo eu tinha má opinião daquele filósofo, e fundando-me na informação parcial de outrem, dava sentença temerária contra uma parte ausente sem a ouvir; mas desde que soube o conceito que dele faziam algumas pessoas amantes da verdade, e tive conhecimento da sua doutrina real, sinto haver em tempo chamado louco e insano um tal sujeito, de que ainda não posso formar juízo cabal por me serem desconhecidos os seus escritos. — Os filhos dos ditos meus inimigos, industriados pelos rabinos e pelos pais, juntavam-se em magotes pelas ruas e a brados praguejavam-me e irri­tavam-me com toda a casta de impropérios, apelidando-me, voz em grita, de herege e de apóstata. As vezes até se ajuntavam diante da minha porta, apedrejavam-na, e tudo tentavam para me perturbarem, de jeito que nem na minha própria casa pudesse lograr sossego. Publicado que foi aquele livro contra mim, para logo apercebi-me para a defesa e escrevi um opúsculo em resposta a ele, impugnando com todas as forças a imortalidade da alma e tocando de caminho alguns pontos em que os fariseus se apartam de Moisés. Tanto que esta minha obra saiu a público, ajuntaram-se os senadores e o grão-rabino dos judeus e propuseram uma acusação contra mim perante a autoridade civil, alegando que eu havia escrito um livro em que negava a imortalidade da alma e não só os ofendia a eles mas até abalava o edifício da religião cristã. Por efeito desta denúncia fui metido na cadeia, e depois de lá estar oito para dez dias soltaram-me debaixo de fiança. Aquela autoridade exigia de mim o pagamento de uma multa, e em cabo fui condenado a pagar-lhe trezentos florins e ao perdimento dos exemplares da obra.
Depois, com o rodar do tempo, como quer que a experiência e os anos descubram muita coisa e consequentemente dêem volta ao pensamento do homem (seja-me permitido, mais uma vez o digo, falar com franqueza; e efectivamente, porque não há-de ser lícito a quem, por assim dizer, escreve o seu testamento para deixar aos homens as contas da sua vida e um exemplo verdadeiro das desventuras humanas, porque não há-de ser licito, digo, contar a verdade?), entrei a ter dúvidas sobre se a lei de Moisés deveria ser tida por lei de Deus, por isso que muitas cousas havia que aconselhavam, ou melhor, forçavam a dizer o contrário. Assentei por fim que a Lei de Moisés não era de Deus, mas somente invenção humana, como outras sem conto que tem havido no mundo. É que muitos pontos brigavam com a lei da Natureza, e Deus, autor da Natureza, não podia estar em contradição consigo mesmo, e esta loia se propusesse aos homens praticarem actos contrários à Natureza, de que se dizia autor. Definido este ponto no meu espirito, disse eu comigo: Que aproveita (oxalá nunca tal ideia houvesse surgido na minha mente) permanecer eu neste estado até à morte, separado da comunicação com estes Padres e com este povo, mormente sendo eu estrangeiro nestas paragens e não tendo trato com os cidadãos, cuja língua até desconheço? Melhor será voltar a comunicação com eles e seguir-lhes as pisadas como eles querem, fazendo, segundo diz o rifão, de macaco entre os macacos. Movido desta consideração, tornei a comunicar com eles, retratando as minhas expressões e subscrevendo as opiniões deles, havendo já quinze anos que deles vivia separado. Desta reconciliação foi, por assim dizer, medianeiro um meu primo da parte de meu pai.
Decorridos dias, fui denunciado por um rapazito, filho de minha irmã, que eu tinha em casa, com respeito às comidas, ao modo de prepará-las, e a outras cousas, donde se inferia que eu não era judeu. Desta denúncia nasceram novas e violentas guerras. Aquele meu primo, que, segundo já disse, fora o medianeiro da reconciliação, entendendo que o meu procedimento redundava em vergonha sua, soberbão e arrogante que era, sobremaneira imprudente e também sobremaneira impudente, abriu contra mim guerra declarada, e levando após si todos os meus irmãos, não deixou por tentar meio algum que pudesse por alguma forma contribuir para a ruína total da minha honra, dos meus haveres e consequentemente da minha vida. Foi ele quem desbaratou o casamento que eu estava já para contrair (a este tempo era eu viúvo); fez com que um meu irmão retivesse os meus bens que tinha em seu poder, e destruiu as relações que entre nós havia, circunstância que me causou um prejuízo indizível em consequência do estado em que as minhas cousas se achavam. Baste agora dizer que foi ele o mais encarniçado inimigo da minha honra, da minha vida e dos meus bens. Sobre esta guerra, por assim dizer, doméstica, havia outra pública, a dos rabinos e do povo, que principiaram a ter-me novo ódio e cometeram contra mim muitos desaforos; assim que merecidamente eu os aborrecia. Entretanto sobreveio novo acontecimento. Acaso conversei com dois sujeitos, vindos de Londres para esta cidade, um italiano, o outro espanhol, ambos cristãos velhos; declarando-me serem pobres, pediram-me o meu conselho sobre se haviam de aliar-se aos judeus e converter-se ao judaísmo. Aconselhei-os a que tal não fizessem e se conservassem como estavam, pois não sabiam o jugo que iam por sobre o pescoço. Em todo o caso advertia-lhes que não falassem em mim aos judeus; assim prometeram fazer. Estes homens ruins, com os olhos no vergonhosíssimo proveito que esperavam colher, agradeceram-me descobrindo tudo aos meus caríssimos amigos, os fariseus. Nisto congregaram-se os príncipes de Sinagoga, inflamaram-se os rabinos, e a gentalha petulante bradou rijo: Crucifica-o, crucifica-o. Fui chamado perante o Grande Conselho; propuseram as queixas que tinham contra mim em voz baixa e triste, como se se tratara de um caso de morte, e por fim declararam que, se eu era judeu, devia acatar e cumprir a sentença que proferissem. aliás tornaria a ser excomungado. Ah preclaros juízes! Sois juízes para me fazerdes mal; mas se eu carecer do vosso tribunal para me livrardes da violência de outrem e me assegurardes a minha inviolabilidade, então não sois juízes, senão vilíssimos escravos cativados a poder alheio. Qual é a vossa sentença a que quereis que eu me submeta? Então foi-me lido um papel em que se dizia que eu tinha de entrar na Sinagoga vestido de luto, com uma vela negra na mão e vomitar publicamente, na presença da assembleia, certas e determinadas palavras, escritas por eles, bem feias, em que levavam às nuvens as iniquidades por mim cometidas. Depois havia de consentir em ser publicamente açoutado na Sinagoga com um azorrague de couro, em seguida prostrar-me à entrada da própria Sinagoga para todos passarem por cima de mim, e demais jejuar em dias determinados. Acabada que foi a leitura, incendiaram-se-me as entranhas e ardia por dentro em fogo de cólera inextinguível; contudo, sofreando-me, respondi chãmente que não podia cumprir semelhantes imposições. Ouvida a minha resposta, determinaram excomungar-me segunda vez, e não contentes com isto, quando eu passava na rua, muitos deles cuspiam fora e o mesmo faziam os filhos industriados por eles; só não me apedrejavam, porque não podiam. Outros sete anos durou esta guerra, e no correr deste tempo padeci cousas que não se acreditam. Guerreavam-me duas hostes, uma a do povo, outra a dos parentes, que buscavam a minha ignomínia para de mim tirarem vingança. E os parentes não tiveram descanso enquanto não me desalojaram da posição anterior. Disseram entre si: Ele nada fará, se não for obrigado, e cumpre que seja obrigado. Se estava enfermo, via-me sozinho. Se alguma outra calamidade pesava sobre mim, contavam-na entre os seus maiores desejos. Se dizia que se tirasse dentre eles um juiz que decidisse a questão entre nós, nada queriam menos. Tratar de tal pendência em juízo, passo que também tentei, dava muito incómodo e enfado, sendo que consumia estiradíssimo tempo o recorrer aos tribunais, onde, afora muitos outros encargos, há constantemente tantas delongas e adiamentos. Disseram-me muitas vezes: Submete-te a nós, pois somos todos iguais e não imagines nem temas que procedamos mal contigo. Diz enfim uma vez, que estás pronto a cumprir o que te impusermos, e deixa-nos a nós o final, que nós faremos tudo como é bem que se faça. Eu, embora a questão versasse justamente sobre este ponto e semelhante submissão e aceitação de imposições arrancada à força fosse para mim grandíssima vergonha, contudo para levar as cousas até o cabo e com os meus olhos verificar-lhes o desfecho, venci-me a mim próprio determinando-me animosamente a aceitar e experimentar quanto eles quisessem. De feito, no caso de as imposições serem feias e desonrosas, ainda mais justificavam a minha causa contra eles e manifestavam as disposições dos ânimos deles para comigo e a sua lealdade, e patenteava-se de vez o hediondo e execrando dos costumes desta gente que tão indecorosamente abusa das pessoas mais honestas como se fossem os mais vis escravos. Pois cumprirei, disse eu, tudo quanto me impuserdes. Agora dai-me atenção, quantos sois honrados, cordatos e humanos, e meditai profundamente, uma e muitas vezes, a sentença que executaram em mim, de todo inocente, eles, pessoas privadas, sujeitas ao poder de outrem.
Entrei na Sinagoga, que estava cheia de homens e de mulheres, e quando foi tempo, subi ao taburno de madeira que está no meio da Sinagoga para o serviço dos sermões e demais actos do culto; li em voz alta o escrito, redigido por eles, em que eu confessava que merecia morrer mil vezes pelos pecados por mim cometidos, convém a saber: não ter guardado o sábado, ter violado a fé a ponto de chegar a aconselhar os mais a que não viessem para o judaísmo; e que em satisfação de tais culpas eu queria obedecer ao que me ordenassem e cumprir as penas que me impusessem, prometendo não tornar a cair de futuro em semelhantes iniquidades e malfeitorias. Acabada a leitura, desci do taburno e acercou-se de mim o venerando presidente, dizendo-me ao ouvido que fosse para um outro canto da Sinagoga. Assim fiz; então o porteiro ordenou-me que me despisse. Despi-me até à cintura, atei um lenço à cabeça, descalcei os sapatos e ergui os braços, pondo as mãos em uma espécie de coluna. Chegou-se a mim o porteiro e atou-me as mãos à coluna com uma faxa. Depois vem o precentor e, pegando de um couro, deu-me trinta e nove tagantes conformemente à prática tradicional — a Lei prescreve que não sejam mais de quarenta, e sendo estes varões tão escrupulosos observadores das leis, guardam-se de cair em pecar por excesso Durante a flagelação cantava-se um salmo. No fim assentei-me no chão, e o grão-rabino — que ridículas que são as cousas do género humano! —chegando-se à minha beira, levantou-me a excomunhão; destarte já me estava aberta a porta do Céu, que antes disto, de valentemente trancada, me impedia de entrar. Depois tornei a vestir-me e fui para a entrada da Sinagoga. Prostrei-me no chão, amparando-me o guarda a cabeça. Então todos quantos desciam, passavam por cima de mim, quero dizer, levantando um pé, passavam para além junto da parte inferior das minhas pernas. Isto praticavam todos, moços e velhos — não há bugios que possam apresentar a olhos humanos nem actos mais desentoados, nem gestos mais ridículos. No fim, quando já não restava mais ninguém, ergui-me, e tendo-me limpado do pó, com ajuda daquele que estava ao meu lado — ninguém diga que eles não me honraram, pois, se me atagantavam, em todo o caso, choravam e afagavam-me a cabeça — voltei para casa. Ah gente, a mais desfaçada do mundo! Ah padres execrandos, de quem, dizeis, eu não devia temer que me fosse dado mau trato! «Espancarmos-te? Longe tal pensamento!» Avalie agora quem isto ouvir, que cena era aquela; um velho, nada baixo de condição, por natureza sobremodo envergonhado, em uma assembleia pública, despido na presença de toda a gente, homens, mulheres, crianças, e açoutado de ordem de juízes, e de juízes destes, que são mais escravos abjectos do que juízes; considere que dor não seria cair aos pés de inimigos encarniçadíssimos. de quem lhe tinham vindo tantos males, tantos agravos, e prostrar-se para ser pisado; pense-o que ainda mais é, e pode com razão chamar-se caso fora do natural, monstruosidade horrenda, de cuja vista hedionda a gente foge arrepiada — que meus irmãos, filhos do mesmo pai e da mesma mãe, criados juntos na mesma casa, trabalharam afincadamente para isto, esquecendo o afecto que eu lhes tinha — que tal sentimento era feição distintiva da minha índole e esquecendo os muitos favores que por minha intervenção haviam recebido na sua vida e que me foram pagos com ignomínias, perdas, calamidades, fealdades e abominações, tantas, que uma pessoa se corre de referi-las.
Dizem os meus nunca assaz detestados inimigos, que me castigaram justamente para exemplo dos mais, para que daqui em diante ninguém ouse ir contra as suas determinações nem escrever contra os sábios. Ah gente a mais perversa do mundo e pais de toda a mentira! Quanto mais justamente não pudera eu castigá-los a eles, para que depois vós não tivésseis tais atrevimentos contra pessoas amantes da verdade, aborrecedoras de enganos, amigas, sem distinção, de todo o género humano, de quem vós sois inimigos comuns, sendo que não tendes em estimação nenhuma os mais povos, havendo-os na conta de irracionais, e vós subis protervamente a vós sós até às nuvens, afagando-vos com mentiras, quando vós nada tendes de que com verdade vos ufaneis, a não ser que por ventura para vós seja gloria o andardes desterrados, serdes desprezados e odiados de toda a gente por causa do ridículo e exquisito dos vossos costumes, pelos quais pretendeis separar-vos do resto da humanidade. Que se quiserdes fazer glória da simplicidade da vida e da justiça, ai de vós, que palpavelmente vos mostrareis inferiores a muitos a tais respeitos. Digo, pois, que se tivera forças, eu teria podido tirar deles justa vingança dos males grandíssimos e atrocíssimos agravos de que me abeberaram e que me levaram a ganhar aborrecimento à própria existência. Sim! Que pessoa amante do honesto terá ânimo e gosto para viver uma vida coberta de ignomínia? E segundo já foi dito com acerto a urna pessoa dotada de fidalguia de sentimentos, cumpre ou viver arrazoadamente ou morrer com honra. Tanto porém a minha causa é mais justa do que a deles, quanto a verdade se avantaja à mentira. Eles pugnam pela mentira para cativarem os homens e escravizá-los; eu pugno pela verdade e pela liberdade natural do homem, a quem o que melhor fica é, livre de falsas superstições e ritos inaníssimos, passar uma vida que não seja indigna do homem. Confesso que teria sido para mim mais proveitoso, se de principio me houvera calado, e reconhecendo como anda o mundo, preferisse permanecer mudo, que assim convêm que faça quem tem de viver no meio dos homens, para não ser vítima, segundo costuma acontecer, da multidão ignorante ou de tiranos injustos, de feito cada qual com a mira nos seus interesses busca abafar a verdade, e armando laços aos pequenos, calca aos pés a justiça todavia, depois de, incautamente iludido por uma religião vã. ter descido com eles a campo, é melhor morrer gloriosamente, ou ao menos morrer sem desgosto, que, nas pessoas de bem, é o companheiro de uma retirada vergonhosa ou de uma resignação inepta. Costumam eles alegar em seu favor a vontade da grande maioria. «Tu, que és um só, deves de submeter-te a nós, que somos muitos». Amigos, é útil sem dúvida que o indivíduo se submeta à maioria, para não ser dilaniado por ela; mas nem tudo o que é útil se segue que seja belo. Belo certamente não é o retirar-se com ignominia e deixar o campo aos violentos e injustos. Deveis logo confessar que é virtude merecedora de louvor ter rosto quanto possível aos soberbos, para que não aconteça que, procedendo mal e colhendo proveito da sua maldade, se tornem cada vez mais soberbos. E formoso, na verdade, e digno de um homem piedoso e generoso fazer-se pequenino com os pequeninos, ovelha com as ovelhas; mas é sandice, é ignominioso e repreensível vestir, em combate com leões, a mansidão da ovelha. Ora se se põe entre as cousas mais formosas pelejar até morrer em defesa da pátria, por isso que a pátria é alguma cousa que nos pertence, porque razão não há-de ser belo pelejar até morrer em defesa da honra própria, que é pessoalmente nossa e sem a qual não podemos viver arrazoadamente? a não ser que, à semelhança de cerdos imundos, nos revolvamos no imundo tremedal do lucro. Mas dizem os meus detestáveis motejadores, estribando no número todo o seu direito, «O que poderias tu, que és um só, contra tantos ?» Confesso e deploro ter sido esmagado pelo número que vós sois, contudo esses vossos pensamentos e palavras ainda mais me fazem referver a cólera no meu interior e bradar que é impiedade ter piedade de ímpios, soberbos, contumazes e obstinados.
Sei bem que aqueles inimigos, para me desacreditarem perante a multidão indouta, costumavam dizer: «Ele não tem religião nenhuma; não é judeu, não é cristão, não é maometano». Olha primeiro, fariseu, o que dizes; que tu és cego, e conquanto te sobre maldade. dás entretanto topadas como um cego. Anda, diz-me, se eu fosse cristão, o que dirias? É claro que havias de dizer que eu era um abominável idólatra, e que juntamente com Jesus Nazareno, Mestre dos cristãos, havia de ser punido pelo Deus verdadeiro, de cujas bandeiras havia desertado. Se fosse maometano, também todos sabem de que honras me cumularias; e assim nunca poderia escapar à tua língua, tendo por único refúgio prostrar-me aos teus joelhos e beijar os teus execrandos pés, quero dizer, as tuas detestáveis e vergonhosas instituições. Agora suplico-te que me digas se conheces mais alguma religião além das que mencionaste, às duas últimas das quais tu, havendo-as por falsas, chamas antes cismas do que religiões. Já te ouço confessar que conheces mais uma, e é a verdadeira religião, por meio da qual os homens podem agradar a Deus. Com efeito, se todos os povos, exceptuando os judeus — que haveis sempre de separar-vos dos mais e não vos associar a gente baixa e humilde —, observarem os sete mandamentos, que, segundo vós dizeis, foram observados por Noé e pelos que foram antes de Abraão, basta-lhes isto para se salvarem. Já há, conseguintemente, segundo as vossas próprias ideias, uma religião em que eu posso fundar-me, embora descenda de judeus, pois com súplicas alcançarei de vós o consentirdes que eu me misture com a demais multidão, e se não o alcançar, tomarei a licença por mim próprio. Ah cego fariseu, que, olvidando aquela lei, que é a primitiva, e existiu desde sempre e sempre há-de existir, só fazes menção das outras leis que só posteriormente começaram a existir, e que tu próprio condenas, exceptuando a tua, a respeito da qual, queiras ou não queiras, também os mais julgam conformemente à recta razão, que é a verdadeira norma daquela lei natural, que tu esqueceste e que bem desejas sepultar, para pores sobre o colo dos homens o teu execrando jugo, desalojá-los da sã razão e torná-los parecidos a loucos.
Mas já que viemos a este ponto, apraz-me demorar-me aqui um pouco e não calar de todo os louvores desta lei primitiva. Digo pois, que esta lei é comum a todos os homens e neles inata pelo próprio facto de serem homens. Liga a todos uns aos outros pelos laços de mutuo amor, desconhecendo divisões, que são a origem primordial de todos os ódios e dos maiores males. É a mestra da moral. estabelece a distinção do justo e do injusto, do feio e do belo. Tudo quanto há excelente na lei de Moisés ou em qualquer outra, a lei natural encerra-o em si integralmente na perfeição; e se há algum desvio, por pequeno que seja, desta regra natural, para logo surgem as contendas. para logo há a divisão dos espíritos, e não pode encontrar-se sossego. Se porém o desvio é grande, quem bastará a fazer revista dos males e das horrendas monstruosidades que deste adultério nascem e tomam crescimento? Que preceitos soberanos tem a lei de Moisés, ou qualquer outra, que digam respeito á sociedade humana, para que os homens vivam bem e em concórdia uns com os outros? Sem dúvida o primeiro é honrar os pais; o segundo não violar os bens alheios ou seja a vida ou a honra ou as outras cousas úteis para a vida. Qual destes preceitos, dizei-me, não se contém na lei natural e regra certa que está gravada nos corações? Por impulso natural amamos os filhos, os filhos amam os pais, o irmão ama o irmão, o amigo o seu amigo. Por impulso natural desejamos a conservação intacta do que é nosso e aborrecemos os que nos perturbam a paz, os que por violência ou por fraude nos querem tirar o que é nosso. Deste nosso desejo sai uma conclusão evidente, e é que nós não devemos praticar o que nos outros condenamos. Efectivamente, se condenamos os outros que invadem o que e nosso, desde logo a nós mesmos nos condenamos se invadirmos o alheio. E aqui temos já facilmente tudo que é capital em qualquer lei. O que respeita á alimentação, deixemo-lo aos médicos; eles nos farão saber assaz apropriadamente qual é a comida que faz bem á saúde, qual, pelo contrário, é a que a prejudica. No que toca ás mais cerimónias, ritos, regulamentos, sacrifícios, dízimos (fraude insigne para uma pessoa se gozar do trabalho alheio sem fazer nada), ai, ai!... choramos por serem tantos os labirintos em que nos meteu a malícia dos homens. Reconhecendo este ponto, são muito para louvar os verdadeiros cristãos, que mandaram embora todas as cousas deste género, conservando só o que interessa á moralidade. Não vivemos como é de dever, quando observamos muitas futilidades; vivemos, porém, como é de dever quando vivemos conformemente à razão. Alguém dirá que a lei de Moisés ou a lei do Evangelho contem alguma cousa mais alevantada e perfeita, e vem a ser o amarmos os nossos inimigos, preceito que não se contem na lei natural. Respondo-lhe como acima disse. Se nos apartamos da Natureza e pretendemos descobrir alguma cousa mais levantada, para logo surge a luta, perturba-se o sossego. De que serve ordenarem-se-me impossíveis que eu não tenho forças para cumprir? Nenhum bem daí resultará, senão a tristeza do espírito se assentarmos ser impossível, pela ordem da Natureza, amar o nosso inimigo. Ora se não é de todo impossível, segundo a ordem natural, fazer bem aos inimigos (o que pode fazer-se sem haver amor), por isso que, geralmente falando, somos por natureza propensos á piedade e compaixão, não devemos já negar em absoluto que uma tal perfeição se compreende na lei natural.
Vejamos agora outro ponto, e é, que males brotam quando a gente se aparta muito da lei natural. Dissemos que há um laço natural de amor entre os pais e os filhos, entre os irmãos e entre os amigos. Este laço desata-o e desfá-lo a lei positiva, seja ela a de Moisés ou a de qualquer outro, quando ordena que o pai, o irmão, o cônjuge, o amigo, mate ou traia por amor da religião o filho, o irmão, o cônjuge, o amigo; e uma lei assim quer uma cousa superior ao que pode ser efectuado por criaturas humanas, e que, se se efectuasse, seria o maior atentado contra a Natureza, sendo que a Natureza tem horror a semelhantes actos. Mas para que é lembrar estas cousas, quando os homens levaram a insânia ao ponto de oferecerem os próprios filhos em holocausto aos ídolos a que rendiam vaníssimo culto, apartando-se tanto daquela lei natural e manchando tão feiamente os sentimentos maternos, filhos da Natureza! Quanto mais agradável não fora, se os homens se tivessem conservado dentro das raias marcadas pela Natureza e não houves­sem feito invenções tão hediondas! Que direi dos enormes terrores e ansiedades em que a maldade de uns homens tem lançado os outros homens? E de tais males bem podia estar livre todo o indivíduo; bastaria que escutasse a voz da Natureza, a qual desconhece absolutamente semelhantes cousas. Quantos não são os que desesperam de salvar-se, os que, imbuídos cm varias crenças, padecem martírios, passam espontaneamente uma vida toda de amarguras, mortificando lastimosamente o corpo, buscando solidões e lugares apartados da conversação humana, vexados perpetuamente de tormentos interiores, pois que já pranteiam como actuais os males de que se arreceiam no futuro! Estas e outras calamidades sem conto foi uma falsa religião, maldosamente inventada pelos homens, a que as acarretou à humanidade. Não sou eu próprio um, entre muitos, que fui grandemente enganado por tais impostores e, acreditando neles, me deitei a perder? Falo por experiência. Mas objectam: Se não houver outra lei mais que a natural, se os homens não souberem pela fé que há outra vida, e não temerem as penas eternas, que motivo há para que não se tornem perpetuamente culpados de malfeitorias? Vós, excogitando tais invenções (quiçá por qualquer outro motivo oculto; que é de temer que por interesses vossos quisésseis pôr uma carga sobre os mais), assemelhais-vos aos que, para amedrontarem as crianças, fingem papões ou fantasiam nomes aterradores, até que as pobres crianças, batidas do medo, se submetam á vontade deles, escravizando, enfadadas e tristes, a vontade própria. Mas estes meios são profícuos enquanto a criança é criança: tão depressa como abre os olhos da inteligência, ri-se do engano e já não tem medo do papão. Neste caso estão as vossas invenções ridículas, que só a crianças ou a bolonios podem meter medo; mas as outras pessoas que vos conhecem as manhas, riem-se de vós. Ponho agora de parte o tratar do justificado de semelhante fraude, quando vós mesmos, os autores de tais invenções, tendes uma regra de direito que diz que não se hão-de fazer males para virem bens, a não ser que não ponhais na conta de males o mentir com grave prejuízo dos outros, dando aos fracos ocasião de perderem o juízo. Ora se em vós houvesse uma sombra sequer de religião ou de temor, infalivelmente não deveríeis ter tido pouco medo, quando introduzistes no mundo tantos males, quando levantastes tantas discórdias entre os homens, quando criastes tantas instituições iníquas e ímpias, a ponto de não duvidardes açular impiamente os pais contra os filhos, e os filhos contra os pais.
Uma pergunta desejaria eu fazer-vos, e é, se quando, em razão da malícia dos homens, fazeis essas invenções a fim de conterdes dentro dos termos do dever, com terrores imaginários, os homens, que doutro modo não observariam o bem, vos acode ao pensamento que vós sois semelhantemente pessoas cheias de malícia, que não sois capazes de fazer nada bom; nem pôr em obra senão perpetuamente o mal, prejudicar os mais, não usar de misericórdia para com ninguém. Já vejo que vós vos encolerizais contra mim, que ousei fazer-vos uma pergunta assim, e que cada um de vós batalha denodadamente em defesa da justiça dos seus actos. Nenhum há que não diga que é piedoso, misericordioso, amante da verdade e da justiça. Consequentemente, ou não falais verdade dizendo de vós o que dizeis, ou acusais falsamente a malícia humana, á qual quereis dar remédio com os vossos papões e terrores fantásticos; injuriosos para com Deus, que apresentais aos olhos dos homens como cruelíssimo algoz e horroroso torturador, injuriosos para com os homens, que pretendeis terem nascido para tão deplorável miséria, como se não bastassem os desares que sucedem na vida a cada um de nós. Mas conceda-se que é grande a malícia humana — o que eu próprio confesso, e de que vós mesmos me servis de testemunhas, sendo maliciosos em extremo, aliás não poderíeis idear tais invenções —; procurai então remédios de grande eficácia, que sem maior dano façam desaparecer esta doença de todos os homens em geral, e deixai-vos de papões, que só têm efeito em crianças e tolos. Se, porém, esta enfermidade é incurável no género humano, deixai-vos de mentiras e não prometais, á guisa de médicos charlatães, a saúde que não podeis dar. Contentai-vos com estabelecer entre vós leis justas e racionais, premiar os bons, punir devidamente os maus, livrar de violências os que padecem violências, para que não bradem que neste mundo não se faz justiça e que não há quem salve o fraco das garras do forte. Sem dúvida, se os homens quisessem nortear-se pela recta razão e viver em conformidade com a Natureza, amar-se-iam todos uns aos outros; cada qual, na proporção de suas forças, acudiria á desventura do próximo, ou pelo menos ninguém ofenderia outrem só pelo gosto de ofender. Proceder de modo contrário é proceder contrariamente á natureza humana; e se muitos destes actos se praticam, e porque os homens têm inventado diversas leis opostas á Natureza, e uma pessoa irrita a outra com as suas malfeitorias. Muitos há que andam hipocritamente, fingindo-se por extremo religiosos, e iludem os incautos cobrindo-se com a capa da religião para apanharem os que podem. Semelhante gente pode bem comparar-se ao ratoneiro nocturno, que insidiosamente acomete quem está adormecido e não espera por tal. Andam sempre a dizer: sou judeu, sou cristão; crê em mim, não te enganarei. Ah alimárias ruins! aquele que não diz nada disto e só faz profissão de ser homem, é muito melhor do que vós. Sim! Se não quereis acreditar nele, como homem que é, podeis precatar-vos; de vós, porém, quem se há-de precatar? de vós que, embuçados na capa falsa de falsa santidade, á maneira do ladrão nocturno coando-vos pelas abertas, dais sobre os que mal precatados dormem, e os estrangulais miseravelmente!
Uma cousa entre muitas me maravilha, e é certamente para maravilhar; vem a ser, como é que os fariseus, vivendo no meio de cristãos, podem gozar de tanta liberdade que até julgam em tribunal; e na verdade posso dizer que, se Jesus Nazareno, a quem os cristãos rendem tanto culto, discursasse hoje em Amsterdão, e aos fariseus aprouvesse açoutá-lo novamente por ele impugnar as tradições dos fariseus e lhes lançar em rosto a hipocrisia, poderiam fazê-lo muito á sua vontade. Tal cousa é seguramente uma vergonha que não devia tolerar-se em uma cidade livre, que faz profissão de manter as pessoas em liberdade e paz, e todavia não as defende dos agravos dos fariseus: ora quando um indivíduo não tem quem o defenda ou vingue, não é de estranhar que procure por si mesmo defender-se e vingar os agravos recebidos.
Aqui tendes a história verídica da minha vida; pus-vos diante dos olhos o papel que representei neste vaníssimo teatro do mundo na minha vida tão vã e instável. Agora, filhos dos homens, julgai com justiça e, despidos de todo o afecto, com isenção, proferi a vossa sentença conformemente á verdade, que isto é, sobre tudo, digno de homens que são verdadeiros homens. E se alguma cousa encontrardes que vos force á compaixão, reconhecei e deplorai a desventurada condição humana, de que também vós participais. E para que nem esta circunstância fuja ao vosso conhecimento, ficai sabendo que o nome que eu tinha quando cristão em Portugal, era Gabriel da Costa; entre os judeus para o meio dos quais oxalá eu nunca tivera vindo, fui, com leve alteração, chamado Uriel.

(Tradução de A. Epiphanio da Silva Dias em Uriel da Costa, Espelho da vida humana, Lisboa, Impr. Lucas, 1901, 36 págs. )

domingo, 21 de setembro de 2008

Por que ser médico?

Por que ser médico?



Quando pensamos no profissão de médico, devería nos vir a mente a idéia de alguém que se preocupa com a vida humana, que a coloca acima de tudo, em alguns casos, inclusive, acima da sua própria vida, e que coloca valores materiais em segundo lugar. Mas, pelo que podemos notar, esse não sendo o intuido de muitos dos que seguem, ou pretendem, seguir essa carreira.

Se olharmos mais atentamente para os estudante de ensino médio que escolhem fazer vestibular para medicina, o fazem, insentivados muitas vezes pela família, para que sejam bem sucedidos financeira e, principalmente, para que tenham seus filhos chamados de "doutores". Ou seja, os interesses financeiros e de vaidade são colocados acima do de ser um bom profissional e tenha o fundamental sentimento que deveria ter todo médico: ajudar a todos.

Nas faculdades de medicina, só se vê festas regadas a muita bebida alcoolica e trotes violentos. Quem cursa uma faculdade de medicina, que tem o intuito de cuidar de vidas, tem que ser controlado, equilibrado. Como pessoas que se embebedam podem cuidar dos outros?

A saúde virou um comércio. Os planos de saúde dominam. Estes financiam a candidatura de deputados e senadores que defendam suas causas no parlamento. Os planos privados de saúde fazem lobby junto aos parlamentares para que os favoreçam na elaboração de leis (e sujeitos que aparecem em alguns programas, como no Amaury Jr., que defendem a legalização do lobbysta para causas privadas.) Um parlamentar que recebe apoio de um grupo privado de saúde irá aprovar projetos ou aumentar o orçamento destinado a saúde pública? Acho difícil...

Para entrar numa fila de transplantes tem que ser pagas e ainda, certos tipos de cirurgias são realizadas por médicos e clínicas particulares, que cobram, em alguns casos, R$ 20 mil, R$ 50 mil . Os hospitais públicos não estão equipados adequadamente. A maioria dos médicos particulares cobram consultas caríssimas para a realidade do nosso país, e atendem rápido, já pensando no dinheiro da próxima consulta. Passam remédios sem se preocuparem se estes podem criar efeitos colaterais sérios. E para questionar um erro médico, seja na hora de receitar um medicamento ou num procedimento operatório? Como questioná-los? Como reclamá-los? Primeiramente, o espírito corporativista dos médicos é muito forte. Um médico não fala de um erro de um colega ou de um remédio. Para eles é mais fácil dizer que o paciente não se cuidou ou que as pessoas que o cuidaram não foi de forma adequada. Para se fazer um processo contra um erro médico, é preciso do laudo de um outro médico, e como disse que um não fala mau do outro, ficamos reféns de muitos mercenários que praticam a medicina e a espera da sorte de algum médico sério, realmente preocupado com a vida das pessoas.

Na minha opinião, a profissão de médico é a mais sagrada que existe. A vida é tão rara, tão improvável no Universo, que devemos cuidar dela. E é nas mãos dos médicos que se encontram nossas vidas. Os médicos devem ser valorizados sim. Mas é que nessa profissão não pode haver vaidade nem ganância.

A seguir, está a "Oração dos Médicos" de autoria atribuída a um grande médico e filósofo medieval, Maimonides, a quem admiro por muitas de suas práticas e ensinamentos:

"Ó D’us, Tu formaste o corpo do homem com infinita bondade; Tu reuniste nele inumeráveis forças que trabalham incessantemente como tantos instrumentos, de modo a preservar em sua integridade esta linda casa que contém sua alma imortal, e estas forças agem com toda a ordem, concordância e harmonia imagináveis. Porém se a fraqueza ou paixão violenta perturba esta harmonia, estas forças agem umas contra as outras e o corpo retorna ao pó de onde veio. Tu
enviaste ao homem Teus mensageiros, as doenças que anunciam a aproximação do perigo, e ordenas que ele se prepare para superá-las.

"A Eterna Providência designou-me para cuidar da vida e da saúde de Tuas criaturas. Que o amor à minha arte aja em mim o tempo todo, que nunca a avareza, a mesquinhez, nem a sede pela glória ou por uma grande reputação estejam em minha mente; pois, inimigos da verdade e da filantropia, ele poderiam facilmente enganar-me e fazer-me esquecer meu elevado objetivo de fazer o bem a teus filhos.

"Concede-me força de coração e de mente, para que ambos possam estar prontos a servir os ricos e os pobres, os bons e os perversos, amigos e inimigos, e que eu jamais enxergue num paciente algo além de um irmão que sofre. Se médicos mais instruídos que eu desejarem me aconselhar, inspira-me com confiança e obediência para reconhecê-los, pois notável é o estudo da ciência. A ninguém é dado ver por si mesmo tudo aquilo que os outros vêem.

"Que eu seja moderado em tudo, exceto no conhecimento desta ciência; quanto a isso, que eu seja insaciável; concede-me a força e a oportunidade de sempre corrigir o que já adquiri, sempre para ampliar seu domínio; pois o conhecimento é ilimitado e o espírito do homem também pode se ampliar infinitamente, todos os dias, para enriquecer-se com novas aquisições. Hoje ele pode descobrir seus erros de ontem, e amanhã pode obter nova luz sobre aquilo que pensa hoje sobre si mesmo.

"D’us, Tu me designaste para cuidar da vida e da morte de Tua criatura: aqui estou, pronto para
minha vocação."
(Oração do Médico, Moisés Maimonides)

Visões místicas

Visões místicas



Em todos os lugares e em todas as épocas, aparecem relatos de pessoas sobre visões místicas, ou proféticas, parecendo revelações ou contatos com a divindade. Vou expor alguns casos e fazer algumas observações importantes.



Visões de católicos

No mundo cristão católico, aparecem muitíssimos casos de "aparições" e "revelações" de Jesus, Nossa Senhora e outros santos. Em Portugal, por exemplo, três crianças tiveram a visão de Nossa Senhora, Maria, mãe de Jesus. Nesse encontro, Maria teria revelado às crianças que era preciso orar muito para salvar a humanidade, rezar muitas vezes o terço. E que revelou à Lúcia, que era uma das crianças, alguns eventos futuros do mundo e lhe fez, também, uma descrição do que seria o inferno, onde as almas dos incrédulos e malvados iriam. O inferno, segundo tal revelação, é um lugar quente e de tormento inferno.

Para citar mais um caso, uma freira sonhou com uma irmã dela que já havia falecido e, segundo ela, quando era vivia não frequentava a igreja e era promíscua. No sonho dessa freira, a irmã lhe disse que estava no inferno, que era um tormento imenso, insuportável, e que se arrepende que ao longo da vida não tenha frequentado a igreja.

Existem milhões de relatos como os que eu citei acima: Visões de Nossa Senhora (Lourdes, Fátima, Madjugore, entre outras) e visões do inferno.



Visões em outras religiões

Não só entre os católicos que aparecem tais relatos. No Islã, visões sobre o profeta Maomé aparecem frequentemente. Entre os cabalistas judeus, visões sobre o profeta Elias, o patriarca Abraham e Moisés e, com a Torah. Os budistas têm visões, sonhos com Sidartha Gautama ( o Buda ). Os hindus com suas divindades (Brahma, Shiva, Vishnu).

Ou seja, em todas as culturas aparecem relatos de aparições e revelações místicas.



O que podemos questionar?

É interessante notar que, quando se questiona a pessoa que teve a "visão profética ou mística", se tal é autêntica e genuína em relação a uma verdade revelada pela divindade, elas respondem afirmativamente. E ainda mais: que as visões em seus círculos religiosos (católico, judeu, budista) é verdadeiro e que o relato de visões de outras culturas são alucinações desprovidas de nexo e coerência e não condizem com a realidade. Engraçado que, para os católicos é natural Maria aparecer à três crianças num vilarejo em Portugal e um absurdo Buda aparecer para monges. Ou seja, cada um "puxa a sardinha para o seu lado", validando as que interessam e descartando outras.

Alguns questionamentos pertinentes àqueles que acreditam em tais visões são:

-Podemos reparar que as aparições de Maria são sempre em AMBIENTES CATÓLICOS. Por que ela não aparece num local onde há judeus ou muçulmanos? Já que ela quer enviar uma mensagem de paz ao mundo, acho que ela deveria enviar tal pedido ao mundo inteiro, e não alguns. E ainda mais: seria interessante que ela aparecesse em meios não-católicos para que levasse mais pessoas ao conhecimento da "verdade".

-Por que católicos não tem visões com Buda? E budistas não têm visões com Jesus e Nossa Senhora? E os judeus não têm visões com Maomé?



Algumas respostas

Gershom Scholem, um dos maiores estudiosos das correntes místicas do judaísmo, tem uma explicação para os questionamentos que expus acima. Com muita sensatez, em seu A CABALA E SEU SIMBOLISMO, ele escreve:

"O caráter conservador, tão frequente no misticismo, depende largamente de dois elementos: a própria educação do místico e seu guia espiritual. (...) Quanto à educação do místico, ele quase sempre carrega dentro de si uma herança antiga. Ele cresceu dentro do quadro de uma autoridade religiosa reconhecida e, mesmo quando começa a olhar independentemente para as coisas e procurar seu próprio caminho, todo o seu pensar, e especialmente sua imaginação, continuam permeados de elementos tradicionais. Ele não pode deitar fora facilmente a herança de seus pais, e nem mesmo tenta fazê-lo. Por que é que um místico cristão sempre tem visões cristãs, e não as de um budista? Por que é que um budista sempre vê as figuras do seu próprio panteão e não, por exemplo, Jesus ou Madona? Por que é que um cabalista, em busca da iluminação, se encontra com o profeta Elias e não com a figura de um mundo estranho? A resposta é, evidentemente, que a expressão da experiência de um místico é por ele mesmo transposta para a símbolos do seu próprio mundo; e isto ocorre mesmo que os objetos destas experiências sejam essencialmente iguais e não, como gostam de supor alguns estudiosos do misticismo, sobretudo católicos, fundamentalmente diferentes. Embora reconhecendo diferentes graus e estádios de experiência mística, e um número ainda mais variado de possibilidades de interpretação, um não-católico tende a ser extremamente cético para com as repetidas tentativas feitas por católicos dentro da linha de sua doutrina no sentido de demonstrar que as experiências místicas das várias religiões repousam sobre fundamentalmente inteiramente diversos." (A cabala e seu simbolismo, Gershom Scholem, pag. 24)

" expressão da experiência de um místico é por ele mesmo transposta para a símbolos do seu próprio mundo". Muito correto o afirmado por Scholem. Por isso podemos explicar os casos que citei logo no início do tópico. Três crianças, imersas num ambiente católico, criadas, influenciadas sobre conceitos de Maria, como uma mulher resplendorosa, com aspecto suáve, favoreceu a visão dos jovens. E sobre a freira que recebeu a carta do inferno? Ao longo de toda a sua vida, inculcada sobre a existência e o medo de ir ao "fogo infernal", logicamente iria sonhar com o inferno. E ainda mais para passar a mensagem de que a irmã foi para o inferno pois não frequentava a igreja. No caso, essa freira vive num quadro de uma autoridade religiosa reconhecida, a Igreja Católica, que diz que quem não frequenta a sua Igreja irá para o inferno.

domingo, 29 de junho de 2008

Sistema de cotas

Sistema de cotas: justiça social ou discriminação?



Algumas universidades públicas do Brasil adotam o sistema de cotas para estudantes negros e oriundos da rede pública de ensino médio, sob a alegação de grupos de afro-descescendentes que desejam uma justiça, igualdade racial. Mas será que tais medidas, como a criação desse sistema de cotas, resolverá os problemas de desigualdade social e racial?

Ao longo de nossa história, é sabido o quanto os negros sofreram. Foram escravizados em suas terras, vendidos como mercadorias, animais, submetidos a trabalhos forçados, e castigados com açoites que, na maioria das vezes, os levavam a morte prematuramente. A abolição da escravatura em 13 de maio de 1888 assinada pela princesa Isabel não significou, em sentido amplo, a vitória para os negros: eles foram soltos, mas passaram a viver nas margens da sociedade. Não foram aproveitados como trabalhadores remunerados. Não tinham acesso à educação.

De lá para os dias atuais já se passaram mais de 100 anos e muitas das injustiças foram reparadas., como ter acesso à educação e ao voto. Mas ainda há muito a ser feito. Os negros ainda têm, em média, os menores salários, menos acesso aos cargos com escolaridade igual ao dos ocupados pelos brancos. A maior desigualdade não é na questão racial, e sim na distribuição da renda. E como corrigir essas diferenças? A proposta mais difundida é a criação do sistema de cotas nas universidades federais e estaduais, destinando à alunos de ensino médio vindos da rede pública e dos que se declaram negros. Essa proposta, a primeira vista, poderia ser muita boa. Mas sendo analisada com mais cuidado, pode originar outros problemas e veremos que não se solucionará os problemas aos quais eram pretendidos.

Vai criar mais discriminação, pois os alunos que se beneficiariam com o sistema de cotas e serão vistos pelos outros alunos, aprovados pelo sistema tradicional, de forma diferenciada.

O sistema de cotas é uma forma de disfarçar os problemas, as ineficácias das escolas públicas estaduais e municipais, que faltam professores de matérias como matemática, física e português; e quando tem, não dispõem de recursos para fazer um bom trabalho. Do que adianta colocar os estudantes que não tiveram um ensino básico e médio eficazes nas faculdades, já que, devido a falta de preparo, abandonarão os cursos logo depois de terem se matriculado.
Antes de querer o acesso a uma universidade de qualidade, os governantes devem garantir um ensino básico de qualidade. E não só neste, mas em todos os níveis, sem pular etapas. Um indivíduo só é capaz de ingressar, cursar e concluir uma faculdade se tiver uma ótima base. Uma idéia errônea que pode surgir no meio da aplicação das cotas é a de que o negro teria uma capacidade intelectual menor do que a dos brancos. Por mais esse motivo, sou contra esse sistema discriminatório.

Muitos políticos, de forma demagógica, querem nos vender soluções rápidas para problemas que estão entranhados em nossa sociedade, ao longo de séculos. Só se resolverão nossos problemas com melhoria no ensino e que, só surtirão efeitos claros e concisos, em algumas décadas.

Teologia da prosperidade

Teologia da prosperidade: alguma religião leva à riqueza e ao sucesso?



Cada vez mais vemos nas emissoras de televisão, livrarias, rádios e nas ruas pastores convocando pessoas a irem à suas igrejas, com a promessa de ter em troca uma vida financeira melhor, ter uma melhor qualidade de vida.

Os líderes dessas novas "religiões" afirmam ensinar, a buscar uma melhoria na vida, principalmente no aspecto financeiro. E dizem que apenas em suas igrejas que conseguirão atingir a tais graças. Para dar respaldo a suas promessas, se utilizam de templos luxuosos, belos, para mostrar que D'us teria abençoado tais congregações. E, além disso, apresentam depoimentos de pessoas que teriam sido "abençoadas" pelo simples fato de participarem dos cultos.

A "igreja" Universal a todo momento em seus programas na TV, entrevistam pessoas que estavam falidas e, ao fazerem parte das "concentração de fé e milagres" e têm suas vidas mudadas, conseguem comprar carros bonitos, imóveis em locais muito valorizados.
O jogador Kaká, que foi eleito o melhor do mundo em 2007 pela FIFA, dedicou o seu prêmio a Jesus e colocou o seu troféu na sede da igreja "Renascer em Cristo" ( a mesma do casal de "bispos" que foram presos nos EUA, levando dinheiro sem ser declarado). O troféu de Kaká serve como referência para que o sucesso obtido se deve a graça ali existente, naquela igreja.
Mas será que o fato de participar de alguma religião específica, leva alguém ao sucesso? Silvio Santos (Senor Abravanel) é de origem judaica, começou como camelô nas ruas do Rio de Janeiro e hoje é um dos maiores empresários do nosso país. Foi seu trabalho e sua capacidade que o levaram ao sucesso, a vitória. Roberto Marinho, católico, começou como office-boy, estudante de jornalismo, família humilde, construiu o maior grupo de comunicações da Améria Latina, entre as 4 do mundo. Romário que, ao que parece ser um católico, se tornou um dos maiores jogadores do mundo de todos os tempos. Charles Chaplin era ateu e dispensa apresentações do que representou.

O que podemos concluir, então? Não importa a que religião você pertença, (ou não pertença a nenhuma). Se você trabalhar, estudar, buscar um sonho e, é claro, contando com sorte, você alcançará. Não é a seita "A" ou "B" que te levará a sucesso em algum setor da sua vida. Olhe a sua volta! Existem católicos ricos, católicos pobres. Evangélicos ricos e pobres. Ateus ricos e pobres. Não espere soluções mágicas para seus problemas. Você deve lutar, sempre, não desistir nunca de buscar a sua felicidade.

A verdadeira religião

A verdadeira religião



O vocábulo "religião" vem do latim, religare, que siginifica religar. A busca do homem em se religar ao divino, que se afastou da humanidade e que, na visão destes, Ele (D'us) está muito distante. E, para buscar essa religação com o divino, indivíduos auto-proclamam-se profetas, criam rituais e dogmas para agradar a D'us e guiar o povo. E para alimentar tais crenças, colocam os seres humanos como centro do Universo, como se D'us os considera acima dos outros seres e coisas no Universo. Vamos analisar cada um desses argumentos e tentar mostrar o que significa a verdadeira religião.



Os acontecimentos naturais e a vontade de D'us.

Como dissemos em outro tópico, os acontecimentos naturais não são nada mais que a vontade de D'us. D'us é eterno e imutável, não pode sobrevir n'Ele nenhuma mudança. A Sua vontade é idêntica à Sua essência. Sua "vontade" não pode ser identificada com a vontade humana, já que esta vem de uma necessidade por algo que não tem, e isso, em D'us, não pode ocorrer pelo fato de que, se o fosse, implicaria que D'us necessite de algo que não tem, então adimitiríamos na existência de um D'us imperfeito. O "agir" e a "vontade" em D'us são as mesmíssimas coisas. Ele só age segundo Seus desígnios. E estes são eternos e imutáveis., como falei anteriormente Sendo eterna e imutável a Sua "vontade", então desde que D'us criou o Universo, se assim podemos dizer, as Leis que Ele colocou na Natureza também são Eternas e Imutáveis. Caso D'us interferisse nos acontecimentos naturais, ou como disse Isaac Newton "D'us interfere no mundo para colocá-lo nos eixos, como se dar corda a um relógio." significaria que D'us tem volições, e mudaria algo que Ele mesmo fez, adimintindo-se, assim, uma mutabilidade em Sua essência.
Então, tudo o que aconteceu, acontece e acontecerá são provenientes das Leis eternas e imutáveis da Natureza, que são as próprias Leis de D'us. Quem pensa que D'us interfere no mundo para operar milagres ou castigar os homens, que causa eventos sobrenaturais, está adimitindo uma imperfeição no D'us e que este age como os homens.



O mundo não foi criado para os homens.

Os crentes acham que tudo o que existe no Universo, foi feito por D'us para servir ao homem. E sustentam tais opiniões com base nos livros religiosos; que o animais para servirem de alimento e ajudar nos trabalhos; o Sol e a Lua para contar os tempos e as estações.
Mas com o bom senso, é possível ver que tal pensamento é facilmento refutável. Basta olharmos para o céu e ver a grande quantidade de estrelas, astros. Elas são milhares, milhões, bilhões. Os milhões de galáxias e nessas milhões de estrelas. Estrelas com 100, 1000 vezes o tamanho da nossa estrela, o Sol. O Sol, que é 1 bilhão de vezes o tamanho da Terra. Nós humanos, que somos como bactérias diante do tamanho do nosso planeta. Somos poeiras no Universo. O que podemos ver o quão somos pequenos diante da infinitude do mundo. Não estamos acima de nenhum elemento ou ser da Natureza. Somos integrantes, ou melhor, peças da grande máquina que é o Universo.



Ignorância: prisão da mente.

Estudando, pensando e questionando é que poderemos nos libertar de grilhões, de dogmas irracionais, superstições que em nada nos ajudam. Muito pelo contrário: nos tornam escravos de sacerdotes e líderes religiosos que se dão muito bem. As pessoas tornam-se "massas de manobra". As atividades nossas não devem se basear no medo pelo desconhecido, ou que venha a ser castigado por D'us. Não devemos pensar em D'us como um ser mesquinho, vaidoso, que fica contente com orações feitas a Ele. A Ele não devemos atribuir nenhum antropomorfismo e cairmos em idéias que só nos afastam do verdadeiro significado de D'us. A ignorância é a vedação dos olhos perante as coisas que acontecem ao nosso redor.

O bom senso nos faz ver que não importa qual religião a pessoa siga: em todas elas, os seus seguidores estão sujeitas aos mesmos tipos de sorte (riqueza, pobreza, saúde, doença...) e a ter os mesmos sentimentos e atitudes (amor, caridade, ódio, inveja), seja qual for a crença, ou nenhuma. Basta observar!




Qual a verdadeira religião?

Por tudo que expus, podemos ver que o homem não existe a parte do resto dos outros elementos da Natureza. Que nele vive com uma parte, um membro.
O fato do ser humano buscar uma religação com D'us que, na concepção dos homens, está longe, acima dos céus. Os cristãos acreditam que D'us mandou Jesus como uma ligação entre Ele (D'us) e os homens. Mas todos eles enganam. D'us não está além dos céus. Ele está em toda a parte, em todos os seres, vivos ou não, está em todos nós! O verdadeiro "religar a D'us" significa nos conscientizarmos que não podemos viver sozinhos, isolados da Natureza e de nossos semelhantes. Devemos no Todo, para que esteja em harmonia e isso nos levará a uma vida melhor.

A grandiosidade, para não dizer a infinitude, do Universo nos ensina a sermos humildes e que pouco somos isoladamente da Natureza.

O verdadeiro religar é a nossa religação com a Natureza, para que vivamos em harmonia com esta e que , ai sim, estaremos religados a D'us, que é o Todo, sem pensamentos e lutas mesquinhas. E praticando o bem pelo próprio bem, e não para fugir do mal. A verdadeira religião está em respeitar nossos semelhantes e aos outros seres e elementos da Natureza e que isto significa amar o próprio D'us.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Os bem sucedidos comunistas brasileiros

Os bem sucedidos comunistas brasileiros



Já escrevi em outro tópico sobre os "Comunistas Brasileiros". Agora foi focar em alguns nomes, que na ocasião não fiz, que defendem a bandeira vermelha, com a foice e o martelo, e que não vivem conforme o que defendem.

Os principais comunistas brasileiros são Chico Buarque , Oscar Niemeyer e Veríssimo.



Eles defendem aquilo que condenam que outros fazem.

Todos eles combatem o imperialismo norte-americano, que derrama sangue por causa de petróleo. Que polui e destrói a natureza. Que invade os países dos outros. Combateram a ditadura militar no Brasil, na qual não havia liberdade de expressão. Eu concordo com eles quando dizem ser contrários as atrocidades cometidas pelos E.U.A e pelos militares na época na ditadura.
-Mas tem um detalhe interessante: eles combatem os EUA por tais práticas e assinam em baixo as ações de Hugo Chávez, que censura, mata seus inimigos.
-Apoiam o regime de Fidel, que manda para o paredão de fuzilamento todos aqueles que não concordam com alguma coisa.
-Elogiam a China, que é, ao lado do próprio Estados Unidos, que mais poluem a atmosfera, que tem regime de trabalho quase escravo em certas regiões, que existe apenas um único partido, o Comunista, e que não pode existir nenhum outro. Há uma forte repressão a informação. Só é permitido mostrar aquilo que lhes interessa. Invadiram e massacrarem o Tibet, sob a alegação de libertar o povo tibetano do regime dos Dalai Lama's. Destruiram 95% dos templos tibetanos e a população que era de 7 milhões na década de 1940 hoje é de 2,5 milhões.

Qual a diferença entre a truculência de Bush e outros governantes norte-americanos e Fidel, Mao Tse Tung, Chávez, Trotsky e Stálin? Acho que nenhuma. Se existe diferença, é nas cores que vestem. Os primeiros têm a águia como símbolo, os segundos a foice e o martelo. Nas práticas assassinas, nenhuma diferença.



A riqueza dos nossos ilustres comunistas

Oscar Niemeyer, que ano passado completou 100 anos, sem dúvida é um grande arquiteto, um dos maiores do mundo. Foi perseguido na ditadura por sua idéias comunistas. E como ele vive? Vive em casa humilde e compartilha sua casa com os seus correlegionários ? Não. Niemeyer fez muitos projetos patrocinados pelos nossos governantes. Brasília, por exemplo. Imagine o dinheiro que ele ganhou com o tal projeto, entre outros que ele fez pelo Brasil e pelo mundo. Hoje detém uma mansão, com lagoa, no bairro de São Conrado, no Rio de Janeiro, vive com muita mordomia. Seu escritório fica numa cobertura de frente para a praia de Copacabana. Ou seja, ele vive como um verdadeiro capitalista.

Chico Buarque, outro comunista confesso, vive em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, onde moram os ricos e os emergentes. As construções nesse bairro são verdadeiros monumentos do capitalismo e o consumismo.

Essas pessoas que citei, por que eles não compartilham suas casas com os menos favorecidos? Pelo que sei, o comunismo prega o bem comum e não a propriedade privada. Eles combatem o consumismo e são consumistas! Gostam de ostentar luxo.

Esses sujeitos pregam o comunismo e agem como capitalistas. Como diz um velho ditado: "Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço."

Quando começa a vida?

Quando a vida começa?


Nas últimas semanas, um assunto vem sendo debatido na Supremo Tribunal e na mídia: a legalização da pesquisa com células tronco embrionárias. E nesse debate vem à tona a questão: onde começa a vida? E mais uma vez, é travado uma disputa entre ciência e religião.

A importância das pesquisas com células-tronco embrionárias.

Em nosso país, já são feitas pesquisas com células-tronco adultas. Elas consistem em utilizar células de um indivíduo e utilizada em óvulos para gerar alguns tipos de célucas, como pele, tecidos sanguíneos. Mas elas não são capazes de gerar células nervosas.
As células-tronco embrionárias são produzidas nos 5 primeiros dias da junção óvulo-espermatozóide. Essas células são capazes de produzir qualquer tipo de tecido, entre elas, células nervosas.


E em que é importante essa pesquisa? Para o tratamento de doenças degenerativas do sistema nervoso e pessoas que sofreram acidentes e ficaram paraplégicas. As doenças degenerativas do sistema nervoso não tem cura até o momento. No máximo elas só podem frear o avanço da doença, mas a situação é irreversível, pois células nervosas, devido a sua alta especialização, não se regeneram. Com o uso das células-tronco embrionárias, pode-se produzir tais células e serem enxertadas e reestabelecer os músculos que foram afetadas.
Doenças como o mal de Alzheimer, que perdem a capacidade de adquirir novas memórias, poderão retomar suas vidas. Muitos cadeirantes poderão voltar a andar.

Onde começa a vida?


A Igreja Católica é a favor das pesquisas com células-tronco adultos e contra em relação a embrionária. A alegação do Vaticano que a vida surge na junção entre óvulo e espermatozóide. E fazendo-se tais pesquisas, é um desrespeito a vida. Mais que isso: é um crime. Segundo a Igreja, a vida tem ser respeitada, em todos os seus estágios.
Um indivíduo é considerado morto quando ele não apresenta mais sinais cerebrais. Um embrião só começa a apresentadar um sistema nervoso a partir de dos quinze dias. Segundo a interpretação acima, um embrião não pode ser considerado um indivíduo até os 15 dias. E ainda mais: o embrião não está num útero e a vida só se concretizará quando estiver num útero.

Para refletir


1)A Igreja diz que tem que haver respeito a vida e é radicalmente contra as pesquisas. Que moral a Igreja pode falar em respeito a vida? Matou tanta gente na fogueira da Inquisição, torturou milhares durante séculos. Quantas pessoas foram escravizadas sob o aval da Igreja? Eles não pensaram no respeito a vida?
2)Definir quando começa a vida é complicado. Não existe um consenço no círculo acadêmico: uns dizem que é no momento da formação do embrião, outros na formação do sistema nervoso. Os embriões quando formados, ainda são uma vida humana em potencial, segundo minha opinião pois, como disse antes, até os 15 dias não há células nervosas, logo não há sofrimento, dor. Se considerarmos um embrião uma vida, em ato, então poderemos afirmar que espermatozóides tambão são vidas, pois eles apresentam movimento e na disputa entre si para fecundação do óvulo, bilhões deles são descartados e bilhões de vida serão perdidas!
3)A quantidade de pessoas que vivem grandes sofrimentos com doenças como Alzheimer, distrofia muscular serão beneficiadas e terão mais dignidade para retomarem suas vidas.

Devemos respeitar a vida já existente, em ato, que precisa ter sua dignidade preservada. Há muita preocupação com vidas em potencial, que ainda não existem. A proibição ao desenvolvimento das pesquisas com células-tronco embrionárias é um crime contra aqueles que buscam recuperar a vida que deixaram de viver.

sábado, 15 de março de 2008

D'us tem livre-arbitrio?

D'us tem livre-arbítrio?




Um ser é dito livre quando suas ações não são condicionados por nenhum agente externo a ele. Ele não é afetado por nada e ninguém e age segundo sua própria vontade. D'us se enquadraria nessa qualificação, ou seja, Ele é um Ser livre? D'us é onipotente (pode fazer tudo)?

Sabemos que D'us é infinito, ou seja, nada pode limitá-lo, seja espacialmente ou temporalmente, pois Ele não têm relação com eles (espaço e tempo).

A vontade de D'us não pode ser comparada a vontade humana, pois entendemos vontade, em termos humanos, como um desejo ou necessidade de buscar algo que não temos que acrescente ao nosso ser. Em D'us nada pode ser acrescido. Sendo Ele a definição da perfeição, significa que a D'us nada pode ser somado nem subtraído. Sua vontade é idêntica a Sua ação. E Sua vontade é única e imutável pois quem muda é para querer melhorar e alguma coisa O afetou para que mudasse, o que é uma contradição com relação o que dissemos anteriormente.

Por tudo que vimos, podemos responder a pergunta: "D'us tem livre-arbítrio?"
A resposta seria positiva no aspecto de que nada pode afetá-lo a mudar de "idéia" e ação. E isso implica que possa fazer tudo (onipotente) ? O que significa poder fazer tudo? A essência de D'us, que é idêntica a Sua vontade e à sua existência e à sua ação, que é eterna e imutável. Ele só tem uma vontade! Então só tem uma ação, de poder infinita, então uma única ação infinita!
D'us pode agir de tal forma que Ele mude a Sua própria essência? Se Ele busca mudar a Si próprio, implica que Ele quer se tornar melhor, o que é uma contradição! Podemos ver que caímos em um paradoxo aparentemente insolúvel. Na verdade, sempre caíremos em paradoxos toda vez que tentemos usar antropomorfismos para falar de D'us, pois vontade, desejo, ação e poder só conhecemos na condição de seres animados, que são "imperfeitos". D'us age segundo sua própria eterna e imutável natureza (essência). Tudo que D'us faz está relacionados às coisas possíveis e estas coisas possíveis são determinadas pela própria natureza divina.

D'us descançou no sétimo dia?

D'us descançou no sétimo dia?





No relato bíblico da Criação diz que D'us repousou no sétimo dia. "Tendo D'us terminado no sétimo dia a obra que tinha feito, descansou do seu trabalho. Ele abeçoou o sétimo dia e o consagrou, porque nesse dia repousara de toda a obra da criação." (Gênesis 2: 2 e3). O que significa esse repouso atribuído à D'us?

Pelo que concebo, D'us é o Ser necessário, eterno e imutável. Nenhum mudança pode ocorrer em seu Ser. Ele é puro ato, nunca deixa de agir no Universo. Se caso cessasse de agir (repouso) implicaria numa contradição.

Maimônides cita no 'Guia dos Perplexos' uma passagem do Bereshit Rabbá, no qual os doutores da Lei dizem: 'Ao sétimo dia fez descansar o seu universo, ou seja, a criação se deteve naquele dia' O que isto significa? O Maimonides explica: "Que D'us fez permanecer o mundo como estava no sétimo dia. O que aconteceu em cada um dos seis dias sucederam-se feitos fora da natureza, como está estabelecido e existe agora em todo o mundo. Mas no sétimo dia tudo se consolidou e tomou a atual estabilidade. Em outras palavras: sobrevieram acontecimentos extraordinários."
A Bíblia conta o relato da criação segundo o referencial humano da época, com respectiva linguagem e conhecimento. Antes de a Terra chegar a tal estágio, quando surgiu ao homem, sofreu várias transformações que, aos olhos do homem, na referida ocasião, pareciam ser eventos extraordinários que não estavam de acordo com as Leis da Natureza. Mas esta impressão se deve a falta de conhecimento dos fenômenos naturais e que, na visão dos leigos, parecem sobrenaturais. O que o escritor da Bíblia nos quis dizer quando "D'us descansou" foi que a Terra chegou a forma de agora, a estabilidade, ou seja, um "descanço" na natureza criada por D'us. Resumindo: "Descanço" = "estabilidade".

Nos primórdios da Terra, cerca de 4 bilhões de anos, era um verdadeiro "caldeirão", ações vulcânicas fortíssimas, sem uma atmosfera favorável a vida como a nossa. Conforme o resfriamento da Terra, começou a aparecer uma estabilidade aparente nos acontecimentos naturais em nosso planeta favoreceram ao surgimento e a evolução da vida. O nosso planeta sofre mudanças que não comprometem a existência da vida, como movimento dos continentes, ações vulcânicas, entre outras. Mas que estão presentes.

A ação de D'us é ininterrupta. É imanente. O que parece um descanço na visão humana, na realidade é uma estabelidade nos acontecimentos naturais.

sábado, 8 de março de 2008

Animais, nossos irmãos.




A palavra animal vem do latim, anima, que significar ser dotado do sopro de vida. Nós, seres humanos somos animais, temos vida. E todos os bichos que coabitam conosco na mesma casa, a Terra. E como é o relacionamento dos homens com os outros animais? O ser humano demonstra uma atitude nobre junto a seus irmãos?


Na natureza, cada espécie tem um papel na sua respectiva cadeia alimentar, ou seja, ela se alimenta de outras espécies e pode ser o alimento para outros predadores. Nós humanos nos alimentos de vegetais e outros animais, como peixe, aves, bovinos entre outros. E além disso, em épocas remotas, usava a pele de animais para se protegerem do frio. Tudo isso que mencionei, destina-se a questões úteis e apenas o necessário para o homem sobreviver. Mas, infelizmente, não é para o uso básico que o homem vem se aproveitando dos animais.


O que os ditos homens vem fazendo com as outras espécies animais está muito além da necessidade. Vou listar algumas práticas contra nossos irmãos:

-caça de animais para fins supérfluas, feita como um esporte, um passa tempo. Matam animais para tirarem suas peles, para fazer quadros, tapetes. Caçam aves para serem empalhadas e serem exibidas como troféus.

-Usam as peles de animais para a vaidade de "madames" e "dondocas" das altas classes. E os métodos para a caça dos quais são retiradas as peles são extremamente cruéis, muitas vezes deixando os bichinhos agonizando no meio da floresta, com suas patas dessepadas pelas armadilhas.

-Nos circos, os animais são espancados, açoitados para fazerem belos números. Ficam presos a jaulas apertadas. E seus tratadores, sem dó nem piedade, usam dos métodos mais cruéis para "domesticá-los" como a utilização de espetos, são acorrentados pelas patas. E quando não servem mais para dar shows, os circos soltam os bichos, já muito debilitados, os soltam e ficam expostos a qualquer predador, sem nenhuma chance de se defender.

-Rodeios e farras do boi: Na Espanha, os bois são soltos pelas cidades para que o povo se divirta com ele. No Brasil existem práticas semelhantes. Em Santa Catarina há a festa da "Farra do Boi", que foi proibida por lei, mas continuam a praticá-la as escondidas. O boi é solto, é atiçado com pancadas e começa a correr para um canto e outro. As práticas de rodeios são piores. Os bois são cutacados por varas, e assim ficam irritados quando entram na arena, fora as esporas usadas pelos vaqueiros. Mas tem algo pior: Os laços utilizados para amarrar os bois, são presos a seus testículos, de tal modo que, quando solto, o vaqueiro puxa o laço, apertando os testículos do boi. É muito sofrimento para um bicho. E, a custo de tanto sofrimento do animal, os organizadores ganham muito dinheiro. E ainda há o cúmulo de usaram a imagem de uma para pedirem proteção, para que os peõs não se machuquem! E por que eles não pedem para os animais não se machucarem? Garanto que a dor dos bichos é maior que a dos peões. E os organizadores ainda tem o discaramento de dizer que os animais não sofrem! Então por que esse indivíduos não amarram cordas em seus testículos e manda alguém puxar com toda a força?

-O uso de animais como cobaias para experiências. O que os bichos passam na mão de certos laboratórios é revoltante! Usam coelhos para testarem a química de xampus, sabonetes, desodorantes. Jogam sem pena nenhuma, esses produtos nos olhos dos coelhinhos. E ainda há coisas piores: abrem animais vivos, dão choques elétricos em certas áreas do cérebro, para verem qual a finalidade de cada uma. Especialistas dizem que não é necessário de animais para cobaias para experiências.

-Certos produtores de aves para abate, quando vêm que os pintinhos não são de "uma boa safra", os colocam nos trituradores.
Como deu para perceber, usa-se os animais, muitas vezes, para satisfazer a vaidade e a busca de lucro de monstros, que brincam com a vida de seres que tem vida como a gente, sentem dor como qualquer pessoa. Tais práticas são crimes, contra o mundo e, consequentemente, contra a própria humanidade. Como falou Leonardo da Vinci: "Chegará um dia que o crime praticado contra um animal será um crime praticado contra a própria humanidade." De fato, um sujeito que faz um mal a um animal, não terá muita dificuldade contra um ser humano.


Não façamos os animais sofrerem em vão! É verdade que nos alimentamos de alguns deles, mas é algo natural. Se matarmos, matemos apenas que seja suficiente para a nossa subsistência. Mas não os matemos para adquirir lucros, nem para alimentar nossas vaidades!

quinta-feira, 6 de março de 2008

O que é ser uma pessoa independente?

O que é ser uma pessoa independente?




Quando tinha em torno de 17 e 18 anos de idade, via alguns conhecidos na mesma faixa de idade dizerem querer ser independentes, morar sozinhos, comprar aquilo que bem entenderem sem que os pais dissessem. Mas tinha um detalhe importante: não possuiam um emprego.
E outro dia, numa reportagem na televisão sobre o aumento no uso de cartões de crédito por parte dos jovens na faixa de 20 anos de idade. E nesta, foi entrevistada uma garota que falou: "Eu ainda não tenho emprego, mas tendo um cartão de crédito tenho independência para o que quero comprar."

Primeiramente, como uma garota dessas pode dizer ser independente pelo simples fato de possuir um cartão de crédito e não ter um emprego? No final do mês, quem paga as contas do cartão? Ela? Eu acho que não... E dos jovens, na minha época, e que existem por aí, que moraram sozinhos, para se dizerem "independentes" e não tem nenhum trabalho? Quem paga as contas (condomínio, luz, água, gás, telefone) de onde moram? São eles???

Pelo que eu saiba, ser independente é não depender de ninguém para se sustentar. A pessoa consegue pagar tudo aquilo que lhe é necessário. E vem esses bobos dizerem ser "independentes" quando os pais bancam tudo. Acham que só pelo fato de comprarem o que querem e morarem fora da casa dos pais são "independentes".

Certa vez, vi a namorada de um amigo dizer: "Como pode, dois rapazes, que eram irmãos, com essa idade (cerca de 23 anos) ainda morarem na casa dos pais?" Na cabeça de muito jovem metido a 'esperto', viver na casa dos pais até a idade de 20 a 30 anos é ser bobo, dependente da família. Acho que não. Tem muita gente que mora na casa da família até 30 anos, tem emprego, compra o que quer, ajuda nas coisas de casa e estes são mais independentes que aqueles que não moram na casa da família mas o papai paga todas as suas contas.

Auto-flagelação

Auto-flagelação



Tem pessoas que maltratam o próprio corpo por acharem ser pecadores e que para se redimirem perante à D'us, ou deuses. Usam chicotes e, em algumas vezes, lâminas afiadas presas a suas pontas, para que o sofrimento seja mais intenso. D'us quer que as pessoas se redimam de seus erros maltratando o próprio corpo?

A prática de auto-flagelação era comum na Europa medieval, dentro certos seguimentos da Igreja. Dizem que tais atos ainda existem em algumas sociedades, como a Opus Dei, mas sem nenhuma comprovação.
A base para tais práticas é Jesus sofreu muito para redimir a humanidade pelos seus pecados, e que era necessário sentir na carne o sofrimento pelo qual Jesus passou. Algumas seitas islãmicas praticam a auto-flagelação, cortando o próprio corpo. Na Índia existem festivais nos quais são feitos rituais de purificação que envolvem a flagelação.

D'us se satisfaz com o sangue de uma pessoas escorrendo? D'us perdoa os "pecados" de alguém com o fato desse alguém se cortar, se flagelar? D'us fica feliz com tudo essas práticas? Claro que não! D'us criou o Universo, os seres humanos, os animais da maneira como eles o são. E não é o do Seu desejo que maltratem sua obra. Se alguém comete um erro contra um semelhante ou a um ser vivo, não é se martirizando que se vai apagar o erro. O primeiro passo é se arrepender, depois procurar não cair no mesmo erro e fazer atos de caridade, o bem à todos os seres a sua volta.

Pensar que D'us fica feliz ou perdoa alguém que maltrate o próprio corpo é ter uma visão muito pequena, muito mesquinha sobre a divindade que está presente em tudo e em todos. D'us não precisa de tais práticas, um Ser que tem tudo, ou melhor, que é o Todo.

sábado, 1 de março de 2008

Onde está á ciência na televisão?

O espaço do conhecimento na televisão aberta


Quando você liga a televisão, nos chamados canais abertos, o que aparece? Ou aparece novelas com muitas armações e crueldade, reality shows como Big Brother, programas de fofoca da vida de "celebridades" e programas religiosos pedindo dinheiro para manterem suas obras. E programas relativos a divulgação científicas, onde estão?

Maior parte da população não tem acesso aos canais pagos, onde existem programas como Discovery Channel, Canal de História entre outros. Reportagens muito interessantes sobre Física, Geografia e História. E quem não tem acesso a essas informações, a que ficam restritas?



Big Brother e novelas

Vejamos a programação em que a grande fica condicionada. Programas como Big Brother, em que pessoas ficam confinadas numa casa. E o que fazem nesta casa? Fazem alguma coisa de útil? As pessoas que são escolhidas como participantes são sujeitos que bebem, fumam e que são estimuladas pelos próprios produtores a exercerem tais vícios, sem contar com promiscuidade. O que de útil esse programa passa para a população? Nada! Muito pelo contrário: crianças e adolescente vêm aquilo e vão querer fazer a mesma coisa que é feito pelos "brothers".

Em todas as telenovelas são apresentadas articulações para prejudicar aos outros, incentivam alguns modismos que, no mínimo, podem disvirtuar muitos jovens. É claro que as novelas tem alguns aspectos positivos, como conscientizar o uso de preservativos, combater preconceitos. Mas por outro, incentiva a promiscuidade. Do que adianta ensinar coisas certas, misturadas à coisas erradas? Vem a novela das oito mostra o caso de um sujeito que tenta se libertar do vício da bebidas e, logo em seguida, vem o Big Brother e coloca festas regadas a muito álcool, música alta, cigarro, como se fosse tudo muito "maneiro".



Programas de fofoca

Na parte da manhã e da tarde, o que há de programas de fofoca, que só se fala da vida de artistas, o que fazem, o que deixam de fazer, as festas em que participam, casam e descasam. A casa, o carro que compram. Ficam horas e horas falando da vida alheia. E em que esses programas acrescentam ao telespectador? Programas que mostram festas dos "vip's" se autovangloriando de suas "qualidades" e, como sempre, com muita bebida alcoolica e falando altas "filosofias". Essas pessoas são chamadas de "celebridades". Na minha concepção, celebridades são pessoas que se destacam numa área do conhecimento ou que fazem algo de importante para o desenvolvimento do mundo. Mas hoje esse conceito parece ter mudado. Para ser celebridade hoje basta participar de um Big brother, falar muita besteira e ter muito dinheiro.



Programas religiosos.

A qualquer horário do dia ou da noite, sempre tem programas de pastores. Tem alguns que detém programas em dois ou três canais. O espaço na televisão é caro. Em suas pregações esses "religiosos" exigem a contribuição de seus fiéis para levarem a "palavra de Cristo". Teve uma igreja que angariou tanto dinheiro que comprou um canal de tv. São várias seitas, arrecadando dia e noite, fundos pelas suas causas. Vendem produtos, como livros e Bíblias, com informações e opiniões no mínimo tendenciosas. Depois de pregarem, com belas palavras, exigem a contribuição.




Onde estão os programas sobre ciência?

Quem de vocês meus leitores podem dizer os programas relativos a documentários que passam nas tv's abertas? A Globo passa o "Globo ecologia" aos sábados por volta das 7 horas da manhã. Tem os telecursos às cinco e meia da manhã durante a semana. A tv Educativa apresenta alguns programas de entrevistas, uma vez por semana e documentários aos sábados à noite. Ou seja, são muito poucos os programas destinados para a divulgação da ciência, para não dizer praticamente nulo.

Qual o papel da televisão? Entreter, educar e informar. Entretem muito, informa de acordo com seus interesses e educa muito pouco. A tv's são empresas que tem como foco os lucros. Lucros obtidos através de propagandas comerciais, ou com a venda de seus espaços para "religiosos" e de programas como Big Brother, que faturam milhões com divulgação de produtos e também ganham com a participação dos telespectadores que, ao fazerem ligações para eliminaram os candidatos, pagam uma tarifa aparentemente irrisório, mas que juntando com 30 milhões, dá um bom montante para enriquecer pessoas que em nada ajudam o nosso país.

Pelo que dá para perceber, ter um povo culto não é um bom negócio para quem detém o poder...