sábado, 9 de fevereiro de 2008

Revendo o livre-arbitrio

Revendo o livre-arbitrio




Eu já havia falado sobre o livre-arbitrio. Agora pretendo colocar de maneira mais clara e objetiva.



Questões teológicas

Os religiosos reforçam a hipótese de que possuímos a livre vontade e que este um dom dado por D'us. Mas há questões bem sutis nisso.

Admitindo que tenhamos livre-arbitrio, isto implica que, a cada momento de nossas vidas fazemos escolhas, e de fato as fazemos, e que para cada escolha que façamos, estaremos traçando futuros diferentes. O nosso futuro está em aberto, de acordo com nossas escolhas.

No campo teológico, temos que falar de D'us. E como Ele é concebido? D'us, como fonte de toda a criação, Ele detém o conhecimento de tudo (onisciente) e em todos os lugares. Nada escapa de seu conhecimento, nem o presente, nem passado, nem futuro. Sabemos que a natureza divina é eterna e imutável. E também que D'us não está sujeito nem ao espaço nem ao tempo então, para Ele, não há passado nem futuro. É um eterno presente! Tudo isso leva, logicamente, que D'us conhece o nosso(s) futuro(s). Se Ele detém esse conhecimento, então, de alguma forma, o futuro está escrito. Se isto ocorre, como podemos escolher nossos destinos se já há Alguém que sabe o nosso futuro?

No Talmud tem uma passagem que diz: “Tudo está escrito, mas a liberdade de ação foi concedida.” (Rabbi Akiva, Mishnah Avot 3:15). Parece um paradoxo. Como pode “tudo estar escrito” e “ a liberdade de ação é concedida” ? Mas tem como explicar sim. É que quando Rabbi Akiva diz “tudo está escrito” quer dizer que todas as possibilidades de futuro já estão escritas e que qualquer escolha que façamos, terá como consequência um dos possíveis futuros criados por D'us. Mas com isso também estamos limitados e não podemos ter um futuro além daqueles que possíveis e “dados” por D'us para realizarmos.

Teologicamente falando, o livre-arbitrio não existe.




Argumentações científicas e lógicas

Livre arbítrio significa liberdade de escolha e ação, sem influência de nenhum agente externo.
Pois bem, a primeira questão é: Temos poder de escolha de onde e quando nascemos? Pelo que me parece, não. Não temos esta escolha. E esse fator é determinante para o desenvolvimento da personalidade de um indivíduo.

O fator genético é fundamental. Características como vigor físico, doenças hereditárias, características de personalidades (forte ou fraca) são coisas que nossos pais nos transmitem, biologicamente falando. Com isso teremos tendências biológicas, impossíveis de se desvincular de nossas vidas. Levaremos até o final de nossas existências.

Além disso, temos os aspectos culturais, onde aprendemos valores morais, crenças, amizades a que temos contato.

Misturando tudo, fatores biológicos e culturais determinam nossos gostos, afinidades, escolhas. Tudo o que escolhemos está moldado, limitado pelo ambiente.




Ausência de livre-arbítrio implica determinismo?

Não ter livre-arbitrio não significa que tudo está determinado, de forma alguma. Nós fazemos escolhas sim, mas escolhas condicionadas. Condicionadas pelo que vivemos e aprendemos. Mas isso não implica que tudo, todos os detalhes estejam pré-determinados. Um determinismo significaria que cada detalhe que acontece no mundo está escrito para acontecer. Mas uma coisa não implica na outra.

Temos controle sobre as coisas que acontecem ao nosso redor?
Não temos controle sobre os eventos naturais, como chuva, tempestades, terremotos. Quantas pessoas não morrem atingidas por relâmpagos? Ou que estão em suas casas, enchentes assolam famílias, cidades inteiras, que fazem as pessoas repensarem e reconstruirem suas vidas, quando as pessoas não a perdem (a vida)? Infelizmente nenhum.

E quem vive nas grandes cidades, onde a violência aterroriza os habitantes? Balas perdidas que matam ou deixam marcas profundas e ficam paralíticas? Como a pessoa procurou isso, se está em sua casa, ou andando numa rua tranquila e acontecem tais fatalidades?




Para concluir:

Não temos controle de onde, quando e como nascemos.Podemos nascer numa família rica, pobre, nascer sadios ou com alguma deformidade. Nem da morte temos controle.

O início e o fim de nossas existências independem de nossas vontades e escolhas. Não importa a "escolha" que fazemos ao longo da vida. Como é dito no livro de Provérbios: "Existem muitos planos no coração do homem, mas é a vontade do S'nhor é que se realiza."

Um comentário:

Pesquisa&Ciência disse...

Frank..ficou excelente este artigo!!