segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O que fazer numa biblioteca?

O que fazer numa biblioteca?



Pode parecer estranha essa pergunta. "O que fazer numa biblioteca?".
Há pouco tempo estive no Real Gabinete Português de leitura, no Centro do Rio em busca de um livro que só havia lá, cujo autor é Uriel da Costa, de origem portuguesa, que viveu final do século XVI, início do XVII, vindo a falecer em Amsterdã. Ele foi um dos precursores do pensamento de Baruch de Spinoza. Voltarei ao assunto.

O Real Gabinete Português contém um fascinante acervo de autores de língua portuguesa e o estilo arquitetônico belíssimo. Machado de Assis era um frequentador assidou da biblioteca.

Fiz o pedido do livro que buscava, "Exame das tradições farisaicas", de Uriel da Costa. Enquanto aguardava a bibliotecária trazer o livro, notei algo: Tinham umas 30 pessoas no local, mas apenas duas, além de mim, que estavam lendo parte do acervo. O restante apenas posava para tirar fotos. Ai me perguntei: "os livros só servem para enfeite nas prateleiras?" Me lembrei de uma passagem do livro "A tranquilidade da alma" de Sêneca em que há muita gente que gosta de ostentar a posse de muitos livros e quererem parecer intelectuais, mas que, dos tais não conhecem além das contracapas, ou então contém obras que contaminam as mentes. Como falou Schopenhauer: "Os livros ruins são veneno intelectual: eles estragam o espírito." E as grandes obras ficam nas estantes: "O diz-que-diz sem sentido de tais anões é lido por um público estúpido desde que tenha sido impresso hoje, enquanto os grandes espíritos são deixados nas estantes." ( Schopenhauer).

Não importa quantos livros nós lemos, mas sim quais . Também não importa se eles foram lançados agora, pois muitos vezes ficamos presos a uma capa bonita, mas que no seu interior, não há nada de construtivo.



Obs.: Para quem quiser conhecer o Real Gabinete Português de Leitura, ele fica à Rua Luís de Camões, 30 – Centro – Rio de Janeiro.

Um comentário:

Vinícius Ferreira disse...

Pois é Doctor... ler está sendo algo cada vez mais escasso. Se a idéia pega, daqui a pouco estarão fazendo bibliotecas com livros de mentira só para sair bem nas fotos. Sai mais barato do que comprar os livros de verdade.

Recentemente publiquei um artigo num jornal local (vou ver se consigo postar no blog) também comentando sobre a (des)preocupação com a leitura. Triste.

Abraço.